Descrição de chapéu Crítica
Restaurantes

No Masp, A Baianeira lança comida popular brasileira a outro patamar

No segundo subsolo do museu, Manuelle Ferraz comanda cozinha meio mineira, meio baiana

São Paulo

A Baianeira

Se havia um charme interiorano em Baianeira manter certo isolamento numa rua de paralelepípedo na Barra Funda, a abertura de sua filial no Masp, na via mais icônica de São Paulo, lança a comida popular brasileira a outro patamar de visibilidade.

Sua cozinha segue um caminho de continuidade, no qual a mineira Manuelle Ferraz preserva a essência de seu trabalho —a cultura da casa, da simplicidade, a ode aos produtos do vale do Jequitinhonha, sua região no norte de Minas Gerais; a incorporação de um tratamento mais apurado às receitas, sem feri-las em seu âmago e uma sensibilidade profunda para traduzir alguns sabores em criações autorais. 

Picadinho com carne de panela coberto com ovo caipira + galinhada e pão de queijo da casa
Picadinho com carne de panela coberto com ovo caipira + galinhada e pão de queijo da casa da Baianeira - Keiny Andrade/Folhapress

O nhoque de farinha puba, a farinha de mandioca fermentada, resulta firme, rústico e com leve acidez. Fica harmonioso na companhia do creme de requeijão de corte, aveludado, enriquecido com um potente 
caldo de galinha.

Do mesmo requeijão faz-se um picolé, servido na sobremesa em uma caixinha de isopor (R$ 10). Há que reparar nos detalhes —as louças, o café coado à mesa, a moringa de barro com água fresca.

Sai-se muito bem o baião de dois sirizado (R$ 52), herança da matriz servida aos sábados cá e lá. Parte-se de um refogado rico, ao qual se incorpora vinagrete e tomate confitado, feijão-fradinho e arroz, finalizado com nata. A essa mistura se agrega a moqueca de siri, naturalmente à moda baiana, com leite de coco e dendê.

Pães de queijo recheados do restaurante A Baianeira
Pães de queijo recheados do restaurante A Baianeira - Keiny Andrade/Folhapress

Pode haver ainda trivialidades bem feitas, como o picadinho de carne de panela (que desmancha ao toque do garfo) com ovo caipira, banana-da-terra adocicada, couve, arroz e feijão (este, meio ralo); ou filé-mignon à parmigiana empanado com farinha de pão de queijo. Esse também aparece, dourado e elástico, no café da manhã. É acompanhado por sanduíches rechonchudos; ovo caipira; pães de fermentação natural; doces mineiros —um aconchego.

Atente-se às bebidas. A bartender Néli Pereira, inquieta pesquisadora do Brasil, assina a carta de drinques, na qual realça os ingredientes do vale do Jequitinhonha em receitas simples, em expressiva sinergia com a proposta da casa.

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