Atrás de um balcão de concreto emoldurado por livros, a chef Bel Coelho comanda sua nova cozinha em São Paulo, uma mistura de café e restaurante chamada Cuia.
Com abertura prevista para esta quinta (10), a nova casa tem cenário que acompanha o universo que a cerca –o Cuia fica dentro da Megafauna, livraria inaugurada há duas semanas aos pés do Copan, edifício assinado por Oscar Niemeyer e que marca o horizonte do centro de São Paulo.
Sob direção de Fernanda Diamant, que já foi curadora da Flip, e de Irene de Hollanda, a livraria apresenta uma variedade de livros de ficção e de não-ficção, além de estar fisicamente ligada ao Pivô, espaço de arte que sedia exposições e outras experimentações artísticas.
É nesse contexto que Bel Coelho apresenta sua gastronomia baseada na pesquisa de ingredientes e técnicas brasileiras, com um cardápio que, pelo menos em um primeiro momento, abarca principalmente comidinhas com jeitão de café da manhã.
Se, nos últimos seis anos, a chef esteve à frente do Clandestino, restaurante fechado por causa da pandemia e que abria apenas uma vez por mês para servir menus-degustação, a expectativa com o Cuia é atingir um público maior, num lugar com acesso mais fácil, funcionamento diário e preços mais amigáveis. "Oferecer uma comida mais democrática sempre foi um desejo meu", comenta.
Entre os cafés, que vêm de uma parceria com a Isso é Café, o coadão custa R$ 5 e é preparado ao longo do dia, servido diretamente da garrafa térmica e feito com grãos orgânicos. Já o macchiato sai por R$ 8, enquanto o cappuccino custa R$ 10.
Para acompanhar, as sugestões são o pão de queijo com queijo da serra da Canastra (R$ 7), o bolo de iogurte com calda de pitanga (R$ 5) e o cookie de chocolate e castanha-de-sapucaia, uma árvore encontrada na mata atlântica (R$ 9).
Já a seção batizada com o nome da casa, Cuia, conta com pratos mais substanciosos. Um dos destaques é o ovo com cuscuz de milho, espuma de queijo Mandala da Pardinho —uma queijaria do interior de São Paulo— e chips de batata-doce (R$ 24). Outra opção é a salada vermelha, feita com beterraba assada, tomatinho, queijo feta, baru e raspadinha de melancia (R$ 26), receita que a chef prepara desde os tempos do Dui, restaurante fechado por ela em 2013.
Ainda nos comezinhos, o clássico tostex ganha uma versão no pão de mandioquinha com queijo mandala e geleia de jabuticaba (R$ 25). Já o europeu waffle ganha um toque de brasilidade com mel de uruçu amarela e manteiga (R$ 22).
O espaço também vai servir almoço, com três opções: spaghettini com tomatinhos confit, pesto de rúcula e castanha-do-pará (R$ 39); orecchiette com alho-poró, cogumelo eryngui e lascas de amêndoas (R$ 41) e baião-de-dois (R$ 48).
Neste primeiro momento, a casa vai funcionar até as 19h, respeitando o horário limitado pelas restrições da pandemia e os protocolos de segurança. Mas está nos planos da chef voltar a oferecer jantares no ano que vem. "Vai ser um menu completamente diferente do oferecido durante o dia, mais sofisticado", adianta. "Ele vai seguir a mesma linha do cardápio diurno, com muita coisa nativa brasileira, que é uma das minhas marcas. E também fazer um uso mais racionalizado da carne, mais como tempero, pois eu acho que esse é o futuro."
Enquanto não chegam as refeições noturnas, é possível bebericar na casa. Servidos a partir das 16h, a carta de drinques à base de gim é assinada por Neli Pereira, do Espaço Zebra. Também há uma seleção de vinhos da sommelière Gabriela Monteleone, que trabalha no D.O.M., de Alex Atala.
Segundo Coelho, ter o Copan como cenário é um privilégio. "Eu amo arquitetura moderna e Niemeyer. Venho trabalhar mais feliz de estar nesse prédio."
Cuia - edifício Copan, av. Ipiranga, 200, República, região central. Seg. a sáb.: 12h às 19h. A partir de qui. (10)
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