Receitas finalizadas em frente ao cliente chamam atenção no salão de restaurantes de SP

Em endereços como La Casserole, garçons terminam os preparos às vistas do público

Marjorie Zoppei
São Paulo

Mais do que inovação em receitas, técnicas de preparo e ingredientes, chefs também quebram a cabeça em torno do empratamento e do serviço de salão oferecidos em restaurantes.

Esses elementos fazem parte do processo de criação de um novo cardápio nas casas que o chef Flávio Miyamura lidera, como o Baleia Rooftop, o Dasian e o Miya Wine Bar, todas em São Paulo. "A grande maioria das pessoas busca uma experiência quando vai sair para jantar", explica ele.

Preparo do steak tartare do restaurante La Casserole
Preparo do steak tartare do restaurante La Casserole - Adriano Vizoni/Folhapress

Finalizar o preparo ou a montagem dos pratos em frente aos clientes não é novidade —é uma prática dos bistrôs parisienses desde o século 19. Só não é tão usual por aqui, seja pelo custoso treinamento da equipe, seja pelo tempo gasto no serviço.

"Nós sentimos que há curiosidade em ver o que está acontecendo e é até uma forma de vender mais esses pratos. Sem contar que valoriza o garçom", diz o chef francês Alain Poletto, do Bistrot de Paris.

Além de levar a cozinha para dentro do salão, que para a restauratrice Marie-France Henry, do La Casserole, tem uma relação bastante distanciada, a finalização do prato à mesa quebra a barreira entre os clientes e os garçons. Isso, em sua opinião, abre espaço para uma experiência que não é só de servir e comer.

Conheça restaurantes em São Paulo para assistir ao serviço dos pratos de camarote.

La Casserole
O bistrô francês tem um ícone com preparo em frente aos comensais: o steak tartare. O garçom chega com todos os ingredientes num carrinho e pergunta as preferências de tempero. No prato, primeiro é colocado o sal, o molho inglês, a pimenta, o azeite, a salsinha, as alcaparras, a cebola, a mostarda Dijon e o catchup. É feita uma emulsão à base desses itens e só então é adicionado o filé-mignon picado na ponta da faca. O garçom mistura tudo e modela o steak tartare. Por R$ 78, é servido com torradas e batata frita.
Largo do Arouche, 346, República, região central, @lacasserole1954


Baleia Rooftop
O pargo crostato tem um serviço especial à mesa. Com 1,5 kg, o peixe é temperado com azeite de ervas e limão, envolto com uma camada de sal grosso e assado por 25 minutos. Chega inteiro e coberto com a crosta. "Os garçons fazem o processo de abrir e servir. A maioria dos clientes comenta sobre o aroma do peixe e a quantidade do sal. O legal é que quase todos filmam o processo", diz o chef Flávio Miyamura. Custa R$ 160 (o quilo) e acompanha batata sauté.
R. Lício Nogueira, 92, Itaim Bibi, região oeste, @baleiarooftop


Fasano
Um dos pioneiros a usar o guéridon —o carrinho de serviço—, o restaurante investe no treinamento de maîtres e garçons. Tanto, que é uma das casas que mais tem opções de pratos com finalização em frente aos clientes. Para duas pessoas, a costela de wagyu grelhada, por R$ 499, é glaceada no orégano e escoltada de purê de batata com queijo minas. "Ela chega inteira à mesa, com 650 g de carne, e nossa brigada sempre explica o processo", diz o chef Luca Gozzani. No salão, a proteína é fatiada e empratada com o purê antes de ser servido.
R. Vitório Fasano, 88, Cerqueira César, região oeste, @fasano


Maremonti
Uma das atrações é o espaguete cacio e pepe (R$ 86). Tradicionalmente, o preparo é uma mistura de queijo ralado, pimenta do reino moída na hora, um pouco da água do cozimento da massa e azeite ou manteiga para emulsionar. Porém, nesse restaurante, os garçons levam uma peça de 16 kg de grana padano aberta até o cliente. Depois de tirar as raspas do queijo, eles misturam os demais ingredientes, finalizam o prato e entregam à mesa.
Av. Brigadeiro Faria Lima, 166, Pinheiros, região oeste, @maremonti


Bistrot de Paris
Do menu escrito na lousa pregada na parede, chama a atenção a paleta de leitoa pururuca com compota de maçã e chips de batata-doce, por R$ 220. Com cerca de 1,3 kg, a peça é cozida a vácuo em baixa temperatura por até 14 horas e finalizada no forno. Levada inteira à mesa pelo chef Alain Poletto, a carne é desossada e partida com uma colher, de tão macia. Só então as porções são empratadas com os acompanhamentos e servidas. "O maître e os garçons são treinados para fazer esse serviço quando não estou no salão. O cliente se sente lisonjeado em ter esse atendimento especial. Alguns até fazem vídeos e postam em suas redes sociais", narra Poletto.
R. Augusta, 2.542, loja 12, Jardins, região oeste, @bistrot_de_paris


Brace Bar & Griglia
O restaurante está instalado no último andar do Eataly. A protagonista é a brasa, que assa e defuma carnes, verduras e legumes. Para adoçar o fim da refeição, o tiramisu (R$ 33), clássica sobremesa italiana à base de creme de mascarpone, biscoito, café e cacau, é sucesso de público. Os ingredientes são levados separadamente em um carrinho e o prato é montado à mesa: primeiro uma camada generosa de creme de mascarpone forra a louça, que é coberta com dois biscoitos champanhe e regado com café. Depois vem mais uma camada de creme e cacau polvilhado.
Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1.489, Vila Nova Conceição, região oeste, @eatalybr

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