Logo na entrada, longas mesas de madeira. No teto, pergaminhos flutuantes. Espalhados aqui e ali, um carro azul cercado de aranhas, uma espécie de gigante e um dragão. Pessoas com capas agitam varinhas entre os presentes, enquanto elfos recolhem a louça suja.
Não, não estamos em Hogwarts nem em uma cena dos filmes de Harry Potter. É mais um dia no restaurante Magia & Bruxaria —um dos espaços de São Paulo que, mesmo dez anos após o lançamento do último filme do bruxo, ainda hoje fazem referência à saga, atraem os fãs e geram filas, mesmo na pandemia.
Inaugurado em outubro, durante o surto de Covid-19 no Brasil, o local tinha a ideia inicial de usar elementos da história criada por J.K. Rowling e ter atores interpretando os personagens dos livros. Quem não gostou muito da proposta foi a Warner Bros., que detém os direitos da franquia de filmes.
Depois de uma semana da inauguração, Marcio Meira, proprietário do restaurante, foi procurado pelos representantes do estúdio. “A Warner quis que eu assinasse um termo de compromisso, dizendo que eu não usaria nada de ‘Harry Potter’ na casa”, ele diz.
Meira assinou o termo e se livrou de tudo o que levava a marca. Desde então, o Magia & Bruxaria diz não ser um local temático de “Harry Potter” —mesmo utilizando elementos que fazem clara referência à saga, como as varinhas, as cores e, é claro, o nome do espaço. Na ficção, o local onde os jovens bruxos aprendem feitiçaria é a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Na capital paulista, o restaurante se chama Magia & Bruxaria.
Segundo o dono do local, a Warner também contesta outros elementos da decoração, como o carro Aero Willys nas cores azul e branco exposto no lugar. Cercado de aranhas, ele faz referência ao veículo voador do segundo livro da série, “A Câmara Secreta” —no filme, porém, o modelo usado é um Ford Anglia, das mesmas cores. “Confesso que houve inspiração em ‘Harry Potter’. Mas estou tranquilo porque eu não trabalho com nenhum personagem deles. Hoje, eu tenho meu próprio mundo de bruxaria”, diz Meira.
Para visitar o local, é preciso comprar ingresso, que custa R$ 89 por pessoa, e marcar data e horário para a vista. Cada entrada dá direito a um prato ou a um lanche, uma bebida e uma sobremesa.
O passeio dura cerca de duas horas, em que há aulas de bruxaria e de herbologia, por exemplo, nas quais os visitantes recebem um vasinho com alpiste para levar para casa. O rodízio de atividades ainda inclui aulas de tarô, poções, aromaterapia e estudo dos dragões. No encerramento, há um show com atores capturando um bruxo das trevas.
Outro espaço de São Paulo que faz referência a “Harry Potter” é a hamburgueria Casa dos Bruxos. Na decoração, há vassouras e caldeirões. Além disso, embaixo de uma escada, há um quartinho apertado com um colchão surrado —quaisquer semelhanças com o lugar em que Potter dormia na casa de seus tios e ricamente descritos em “A Pedra Filosofal” não são uma mera coincidência.
No cardápio, um dos destaques é o lanche Patrono (R$ 26), que faz referência ao feitiço que combate dementadores e que ganha destaque no terceiro livro da saga, “O Prisioneiro de Azkaban”. A bebida Ronei Uisk (R$ 20) é um trocadilho com o personagem ruivo Rony Weasley e leva uísque na receita. Para as crianças, há cerveja amanteigada (R$ 16), em versão sem álcool.
Há ainda outras opções em São Paulo. Para quem quiser tomar um café e comer doces enquanto finge estar em Hogwarts, uma opção é a Griffinn Café e Afins. Apesar do nome, a cafeteria parece aceitar todos os visitantes, mesmo que você não se considere um grifinório —grupo escolar a que Potter pertence na história.
A pizzaria Toca da Bruxa, por sua vez, não usa “Harry Potter” como inspiração direta, mas tem um ambiente e cardápio repleto de referências às histórias de bruxaria clássicas.
Mas, por algum motivo, São Paulo achou que a história de J.K. Rowling tem tudo a ver com hambúrgueres —outro exemplo é a hamburgueria Vassoura Quebrada, fundada por um trio de amigos que cresceu assistindo a “Harry Potter”. A casa surgiu nas redes sociais em 2018 com o nome Beedle, o Bar, que faz referência a um personagem citado na saga. Depois de a Warner mais uma vez se mover nos bastidores, os proprietários precisaram mudar o nome do estabelecimento por causa dos direitos autorais. Nas redes sociais, eles dizem que o espaço é inspirado na literatura fantástica como um todo, não especificamente nos livros e filmes de Harry Potter.
Em uma clara referência ao Torneio Tribruxo, competição do quarto capítulo da saga, a hamburgueria está promovendo até o último dia de julho uma votação entre três lanches para definir qual se tornará fixo no cardápio —em mais um trocadilho, ele é chamado de Torneio Triburguer. Um dos candidatos é o Hibrídico (R$ 36), que leva crispy de cebola roxa, rúcula e bacon. O pão é feito à base de abóbora, como todos os outros da casa. Cada compra equivale a um voto, e o vencedor será anunciado em 1º de agosto, no Instagram da hamburgueria.
Para quem decidir ir aos endereços, vale lembrar que a Covid-19 segue com números altos no Brasil. Se for sair de casa, use máscara. Por enquanto, contudo, o mais seguro é ver os filmes de Harry Potter no streaming, dentro de casa —todos estão disponíveis na HBO Max. Outra saída é procurar os livros da saga, publicados aqui pela editora Rocco.
CASAS INSPIRADAS EM 'HARRY POTTER' EM SP
Casa dos Bruxos Hamburgueria
R. Parapuã, 650, Freguesia do Ó, região norte, tel. (11) 3998-6173. Delivery via iFood, Rappi e Uber Eats. Oferece retirada no local
Magia & Bruxaria
Av. Eng. Alberto de Zagottis, 853, Jardim Taquaral, região sul, tel. (11) 5524-6182. Ingressos: R$ 89, p/ https://bit.ly/3AZuxoj
Vassoura Quebrada
R. Desembargador do Vale, 836, Perdizes, região oeste, Instagram @vassouraquebrada. Delivery via iFood. Oferece retirada no local
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