Tradicional hotel Ca'd'Oro ganha bar na cobertura e engorda lista de rooftops em SP

Com vista privilegiada da cidade, espaço ocupa o topo do imóvel e serve coquetéis clássicos

Ambiente do Sky Bar, novidade no hotel Ca'd'Oro

Ambiente do Sky Bar, novidade no hotel Ca'd'Oro Adriano Vizoni/Folhapress

São Paulo

A mesa fica posicionada estrategicamente na frente de um janelão de vidro, de onde é possível ver nuvens cor-de-rosa que compõem o pôr do sol paulistano e pintam com alguma beleza o oceano de prédios do horizonte.

Estamos no 27º andar de um dos medalhões do centro da capital, o tradicional hotel Ca'd'Oro, que se rendeu a uma das modas paulistanas destes tempos de pandemia: o local inaugurou na última semana um bar dedicado aos drinques em seu rooftop —sim, anglicismo corrente para o bom e velho terraço.

Aberto em 1956 na rua Augusta, o endereço foi o primeiro hotel cinco estrelas da capital e um dos mais luxuosos, frequentado por reis, presidentes e celebridades. Mas, assim como o seu entorno, entrou em decadência anos depois e, em 2009, fechou as portas.

Demolido, o antigo edifício deu lugar a duas modernas torres, lançadas em 2016, em uma parceria com a incorporadora Brookfield, atualmente, Tegra. Hoje, o hotel divide uma delas com escritórios comerciais, enquanto a outra conta com apartamentos.

"O Grand Hotel Ca'd'Oro cinco estrelas estava em uma rua Augusta que, na época, era considerada uma Oscar Freire", diz Fabrizio Guzzoni, diretor-geral do hotel. "Hoje o Baixo Augusta é um lugar mais jovem, mais boêmio. Por isso, a gente decidiu rejuvenescer."

Nas palavras de Guzzoni, o bar é "a cereja no topo" desse processo. O novo espaço, batizado de Sky, ocupa a área que antigamente era da academia, transferida para um apartamento também no 27º andar —mas o bar fica alguns degraus acima. "Não chega a ser o 28º andar, é uma espécie de 27 e meio", brinca o diretor.

O pavimento ainda é dividido com a piscina, que fica disponível para hóspedes só até as 18h —quando o bar é aberto, o acesso aos banhistas é interrompido.

O bar foi inaugurado há cerca de um ano, mas era reservado aos hóspedes, numa espécie de período de testes, até a abertura para o público geral no dia 4 de maio.

A relação do diretor com o Ca'd'Oro é mais do que corporativa. Foi seu avô, também chamado Fabrizio Guzzoni, quem criou o negócio a partir de um restaurante de comida italiana fundado na rua Barão de Itapetininga, em 1953.

"Sempre tive o sonho de criar um bar mais descolado no hotel. Temos o restaurante, que segue uma linha tradicional, com o mesmo cardápio desde 1953", conta. Esse perfil tradicional acabou respingando também no Sky.

Como a cozinha do Ca'd'Oro é clássica, sem um nome de chef que se sobreponha ao da casa, o mesmo foi feito com o bar, que não tem um bartender estrelado. "Quis valorizar os meninos que estão comigo há muito tempo, em vez de contratar uma pessoa nova para colocar o nome no bar."

A carta lista coquetéis como o Alexander (R$ 38) e o Aperol Spritz (R$ 44). Apesar de prezar a tradição, Guzzoni deu a alguns drinques um visual mais moderno, como é o caso do cosmopolitan (R$ 39). "Hoje tudo precisa ser instagramável", reflete.

Cosmopolitan servido no Sky Bar, bar na cobertura do hotel Ca'd'Oro, em São Paulo
Cosmopolitan servido no Sky Bar, bar na cobertura do hotel Ca'd'Oro, em São Paulo - Adilson Moralez/Divulgação

Os petiscos, por sua vez, são uma espécie de spin-off da cozinha do restaurante, instalado no térreo. São itens como o arancini de ossobuco, bolinhos fritos feitos com os ingredientes do clássico ossobuco à milanesa servido no salão principal, e bruschettas. A ideia não é oferecer uma refeição, mas beliscos para acompanhar a bebida.

Apesar de estar em frente à praça Roosevelt, ponto de encontro de skatistas, gente do teatro e toda a fauna de modernos do centrão, o ambiente do bar tem uma pinta de Faria Lima. As paredes têm tons de cinza e branco, com mobiliário sóbrio e cara corporativa, o que deve atrair um público engravatado.

O horário de funcionamento também aponta para esse lado: a casa funciona de quarta a sábado, das 18h às 23h, ideal para assistir a um pôr do sol na happy hour pós-expediente.

"O bar não vai funcionar durante a madrugada porque não quero criar um problema para os hóspedes que querem descansar", explica Guzzoni. Mas, se a intenção for estender a noite, opção é o que não falta ali em volta, na região do Baixo Augusta.

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