Descrição de chapéu Crítica
Restaurantes

Albertina propõe comida italiana familiar salpicada de brasilidades

A homenagem à comida afetiva aparece também no nome e no ambiente do restaurante

Albertina

Cozinha italiana em São Paulo é quase sinônimo de cozinha trivial, familiar. Nada estranho então —embora tampouco habitual— que o Albertina proponha uma comida de extração italiana salpicada de ingredientes brasileiros.

A homenagem à comida afetiva está no próprio nome do estabelecimento: Albertina é a avó do chef Bruno Alves, que mudou radicalmente sua proposta em relação ao seu restaurante anterior (a steak house e hamburgueria Kod); e a própria decoração do ambiente evoca o aconchego caseiro.

Cupim lentamente braseado com molho do próprio assado aromatizado com negroni; como acompanhamento, polenta cacio e pepe, de queijo e pimenta-do-reino
Cupim lentamente braseado com molho do próprio assado aromatizado com negroni; como acompanhamento, polenta cacio e pepe, de queijo e pimenta-do-reino - Divulgação

Há sempre pequenas surpresas na composição dos pratos, já desde as entradas. Os tradicionais arancini —bolinhos de arroz do risoto— vêm recheados de nacos de ossobuco e acompanhados por maionese de gremolata (com raspas de limão; R$ 23). A carne cruda, picada, é temperada com bottarga, laranja-baía e traz a brasillidade da castanha-do-pará (R$ 24). O coração de pato, gostosa iguaria difícil de encontrar, é grelhado com cebola roxa e servido com castanha-de-caju e purê de couve-flor (R$ 24).

Os pratos de forte acento italiano ganham tons ligeiramente inusitados, tendo ou não componentes brasileiros. O molho carbonara, por exemplo, servido com espaguete, leva pecorino, pimenta-do-reino, guanciale, um sabor muito acentuado do ovo de pata e um perfume inesperado da castanha-de-baru: vale provar (R$ 46).

Os tradicionais ravióli de abóbora são cobertos com molho de gorgonzola dolce e castanha-de-caju (R$ 48). Mas nada mais brasileiro que o cupim (que não existe na Itália) lentamente braseado com molho, aí sim italianado, do próprio assado, aromatizado com negroni (o acompanhamento rivaliza em intensidade: polenta cacio e pepe, de queijo e pimenta-do-reino, R$ 51).

Uma sobremesa provocante é a musse de chocolate meio amargo com flor de sal e crumble de cacau, servida com azeite apimentado (R$ 22).

Vinhos brasileiros dominam a carta. Os preços dos pratos são reconfortantes como toda a atmosfera da casa.

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