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Restaurantes

Chef Janaina Rueda critica Doria e faz protesto contra o fechamento de bares e restaurantes

Associação do setor prevê que endurecimento da quarentena em SP possa gerar 20 mil desempregados

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São Paulo

“Não somos contra as restrições, mas essas são equivocadas”, diz Janaína Rueda, chef do Bar da Dona Onça. A empresária participou, nesta sexta-feira, dia 22, de uma manifestação na praça Vinicius de Moraes, no Morumbi, em São Paulo, com outros funcionários do setor. A reinvidicação é contra o fechamento de restaurantes e bares aos fins de semana e feriados e durante a noite nos dias da semana.

O governador João Doria, do PSDB, anunciou mudanças no plano de quarentena do estado de São Paulo. A capital passa a ficar na fase vermelha durante os sábados, domingos e feriados e também entre 20h e 6h nos dias de semana. Com isso, o serviço presencial em bares e restaurantes e no comércio e serviços não essenciais, caso de shoppings e salões de beleza, estão proibidos de funcionar.

A chef Janaina Rueda, uma das participantes do Food Forum
A chef Janaina Rueda, do bar do Dona Onça - Divulgação

Nos demais dias, a cidade fica na fase laranja, que permite o funcionamento de todos os serviços permitidos na amarela (menos bares), mas com mais restrições.

A manifestação reuniu pouco mais de 50 pessoas, entre elas proprietários de restaurantes que pediam pelo não fechamento de seus estabelecimentos. O protesto foi pacífico, com todos de máscara, alguns batiam panelas e solicitavam diálogo com o governo do estado de São Paulo.

Entre os cartazes na manifestação de Rueda, estavam frases como “Doria, fale com o meu garçom, que tem quatro filhos, que o seu serviço não é essencial”.

A Abrasel, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, disse que apoia a manifestação realizada nesta sexta-feira. O presidente da Abrasel, Percival Maricato, afirma que os “restaurantes viraram uma cloroquina dos governos estaduais” e compara as medidas que atingem o setor de gastronomia e o desemprego no setor ao “fechamento de uma fábrica Ford por semana em São Paulo”.

A associação calcula que as novas restrições possam gerar cerca de 20 mil desempregos no setor de bares e restaurantes. Calcula-se, ainda, que cerca de 300 estabelecimentos sejam fechados por dia no estado de São Paulo. Até agora, só na capital já foram fechados 12 mil estabelecimentos e no estado cerca de 50 mil.

A chef Janaina Rueda analisa que, na possibilidade de São Paulo precisar regredir e restringir os serviços, isso deve ser feito junto com os donos de restaurantes.

“Se fechar os restaurantes, tem que fechar de uma maneira digna, com todos os auxílios, suspensão de contrato. O setor da gastronomia foi o que mais defendeu o ‘fica em casa’, o que não pode é esse vai e vem”, afirma a chef.

João Doria (PSDB) anunciou que as novas medidas restritivas passam a valer a partir de segunda-feira, dia 25, aniversário da capital. O governador ainda disse que compreende as preocupações dos empresários, mas pediu que as pessoas não protestem pela morte e nem contestem a medicina.

"Compreendemos as suas preocupações, mas peço que compreendam que, sem vida, não há economia. Precisamos cuidar das pessoas, garantir que estejam vivas para que possam ir a restaurantes, bares, comércio, shoppings, parques, áreas de lazer, estádios de futebol e outras tantas áreas de atuação", disse Doria.

João Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo, também disse entender as dificuldades dos setores. "Mas é uma escolha que temos que fazer. Nós vamos reduzir óbitos, salvar vidas, ou vamos deixar em seleção natural?”, afirmou no anúncio do governo.

Por outro lado, a chef Janaina Rueda acredita que ir a restaurantes e bares é mais seguro do que convidar amigos e familiares para jantar dentro de casa. Na sua avaliação, ao chegar nos estabelecimentos, o cliente passa por todos protocolos de segurança, como medição da temperatura, uso de máscara, distanciamento entre as mesas. Medidas que são, normalmente, abandonadas quando a refeição é feita dentro de residências.

“Ninguém aqui é fascista. A gente está no front, sabe o que está acontecendo, uma vez que os restaurantes fecharem, eles acham que os colaboradores vão estar onde? Dentro de casa? Eles [governo] precisam entender que fechar os restaurantes e o comércio implica em fazer as pessoas irem para praia, fazerem compras em supermercados e se aglomerarem como se não houvesse amanhã”, continua Rueda.

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