Na Vila Leopoldina, galpões saem de cena e dão lugar a bares, restaurantes e cafés

Explosão imobiliária no bairro paulistano encheu as ruas e atraiu redes famosas da cidade

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São Paulo

Quem circula pelas imediações da rua Carlos Weber, bem no miolo da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo, deve ter dificuldade para imaginar que, apenas duas décadas atrás, o bairro era outro. Onde hoje se veem bares, restaurantes, cafés e muita gente passeando a pé pelas calçadas, antes só havia grandes galpões, muitos deles abandonados.

O cenário começou a mudar ainda em 1994, com a inauguração do parque Villa-Lobos, e ganhou reforço extra com a abertura do shopping de mesmo nome, seis anos depois. Na carona, vieram os grandes condomínios residenciais que repovoaram as redondezas.

Movimentação no parque Villa-Lobos, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo
Movimentação no parque Villa-Lobos, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo - Ronny Santos-26.dez.2021/Folhapress

Mesmo assim, o bairro custou a atrair casas comerciais. Marcia Marques, dona do restaurante MariaLima, foi uma das pioneiras. Ela já morava na Vila Leopoldina quando inaugurou o lugar, em 2004, e testemunhou a transformação.

"Acho que fomos o segundo estabelecimento, só atrás da pizzaria Ritto. Abri o restaurante porque queria ter um lugar gostoso para tomar uma cerveja gelada perto de casa. Era um bairro simples, tímido, com poucos edifícios e muitos galpões desativados", lembra.

Sócio da chef Paola Carosella na rede La Guapa, que mantém uma unidade na Vila Leopoldina há dois anos, Benny Goldenberg chegou pouco depois de Marques. Mudou-se para lá em 2009 e, em 2011, abriu o restaurante Mangiare, que funcionou até o ano passado.

"Comprei um apartamento no primeiro 'boom' imobiliário do bairro, vi muitos prédios subindo e enxerguei a oportunidade para ter um restaurante. As ruas eram de paralelepípedo. A clientela tinha muitos jovens casais com filhos pequenos, só gente do bairro", lembra.

Durante décadas, o único centro nervoso da Vila Leopoldina foi a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, a Ceagesp, inaugurada em 1969. Hoje, além de atrair o público com seus varejões, que funcionam como feiras livres às quartas, sábados e domingos, o local mantém um concorrido espaço gastronômico —de maio a agosto, a principal atração é o Festival de Sopas.

Mas há muito mais a conhecer na Vila Leopoldina. Nos últimos anos, o bairro cresceu um bocado. Ganhou padarias, cafés, restaurantes, bares e empórios e atraiu unidades de redes conceituadas na cidade, como Bráz Elettrica, Dama, Saj e Rinconcito Peruano.

Nos fins de semana ensolarados, especialmente nos domingos, a rua Carlos Weber e suas transversais são os points de quem caminha, corre ou pedala nas imediações do parque e aproveita para fazer uma boquinha. Confira a seguir destaques da região.

Banoffee da Vila
Daniela Caldas vendia banoffees no condomínio onde mora, no mesmo bairro, e fez tanto sucesso que abriu a loja em janeiro deste ano. As fatias generosas, que levam doce de leite de produção própria, custam R$ 20 e vão bem na companhia de um expresso (R$ 8) – há também versões vegana e sem açúcar. Em junho, doces de festa junina engordam o menu.
R. Passo da Pátria, 821, loja 1, WhatsApp (11) 91202-2008, Instagram @banoffeedavila


Bráz Elettrica
O cardápio de pizzas individuais à moda nova-iorquina, para comer sem talheres, é o mesmo das outras sete unidades. A vegana Cajupiry leva alho, manjericão, cogumelos, cebola roxa, parmesão vegano e cajupiry e custa R$ 39.
R. Carlos Weber, 576, tel. (11) 5555-2048, brazelettrica.com.br, Instagram @brazelettrica

Pizza Sr. Falco, com linguiça fresca, cebola roxa, alho, manjericão, picles jalapeño e grana padano, da Bráz Elettrica - Bruno Geraldi/Divulgação

Café do Beco
O lugar tem vocação múltipla. Durante o dia, o menu de cafeteria combina expressos (R$ 6) com pão de fermentação natural na chapa (R$ 12). Na happy hour, a partir das 16h, drinques como o gim tônica (R$ 32) escoltam o platter (R$ 99), que reúne queijos brie, gouda e gorgonzola, copa, presunto cru, salame, geleia, cream cheese e cesta de pães.
R. Carlos Weber, 327, WhatsApp (11) 98685-9005, Instagram @cafe.dobeco


Casa do Damasco
Funciona como loja de fábrica, oferecendo a linha completa de docinhos à base de damascos secos, em calda, em lascas ou recheados. A versão com recheio de doce de leite e chocolate meio amargo sai a R$ 5 a unidade ou a R$ 24 o pacote com 150 g. Pela caixinha com sete sequilhos recheados com geleia de damasco, cobertos com chocolate branco, o cliente paga R$ 25.
R. Camândulas, 94, tel. (11) 3833-9483, casadodamasco.com.br, Instagram @casadodamasco


Criminal Burguer
O hit da casa é o Criminoso: hambúrguer de 140 g, queijo tipo americano, alface, tomate, cebola roxa, picles artesanal, bacon e maionese da casa (R$ 35).
R. Nanuque, 595, tel. (11) 2659-7165, criminalburguer.com.br, Instagram @criminalburguer


Espaço Gastronômico Ceagesp
Até 28 de agosto, de quarta a domingo, o Festival de Sopas funciona com preço único: R$ 64,90 por pessoa. O bufê inclui pães, ricota temperada, calabresa assada, alho frito e queijo ralado à vontade —já antepastos, bebidas e sobremesas são cobradas à parte. O cardápio, atualizado semanalmente no site, lista sopas, caldos e até fondue. Só a sopa de cebola é fixa no menu.
Av. Doutor Gastão Vidigal, 1.946, entrada pelo portão 4, festivaisceagesp.com.br


Formaggio Mineiro
Pães de queijo produzidos com queijo da Canastra e parmesão em lascas podem ser levados para casa, congelados, ou degustados lá mesmo, em porções de cem gramas, com quatro unidades em média. Para acompanhar o café de cápsula (R$ 7), há sabores como o multigrãos (R$ 7,50) e o com recheio de goiabada (R$ 9,45).
R. Carlos Weber, 300, WhatsApp (11) 97379-8018, Instagram @formaggiomineiro

Pães de queijo da Formaggio Mineiro
Pães de queijo da Formaggio Mineiro - Filipe Pereira/Divulgação

J.Café
Com microtorrefação própria, trabalha exclusivamente com cafés especiais, disponíveis em diversos métodos de extração. Os filtrados em Hario V60, Chemex, Clever, Aeropress e prensa francesa custam de R$ 10 a R$ 11.
R. Guaipá, 186, WhatsApp (11) 91118-0025, Instagram @jcafesp


La Guapa
Com deque ao ar livre, a loja da chef Paola Carosella vende 11 versões de empanadas, como a pepita, recheada com bacon defumado, champinhom e queijo, e a vegana, que tem massa de quinoa e recheio de brócolis, abóbora, abobrinha e noz-pecã. Cada uma custa R$ 8,90.
R. Carlos Weber, 754, tel. (11) 3835-6008, laguapa.com.br, Instagram @laguapasp


Maldivas Pub
O salão repleto de recantos instagramáveis funciona como bar de sexta a domingo, com música ao vivo (R$ 10 de couvert artístico). Da cozinha saem pratos como o escalope de filé-mignon com risoto de queijo (R$ 65,90). No almoço, o bufê enfileira saladas, pratos quentes e grelhados (R$ 69,90 o quilo de segunda a sexta, R$ 73,90 o quilo nos fins de semana). À noite, de terça a quinta, tem bufê de sopas a R$ 49,90 por pessoa.
R. Schilling, 355, WhatsApp (11) 93908-7980, site maldivaspub.com, Instagram @maldivaspub


Mamaggiore
Da cozinha típica cantineira, saem pratos como o capelete de filé-mignon ao molho branco, gratinado com parmesão (R$ 74).
R. Carlos Weber, 594, tel. (11) 3644-3364, mamaggiore.com.br, Instagram @mamaggiore


MariaLima
Um dos mais antigos do bairro, o restaurante é famoso pela meia-lua de mignon, um paillard recheado com três queijos, acompanhado de risoto de alho-poró. O prato custa R$ 60.
R. Carlos Weber, 1.490, tel. (11) 3645-0932, Instagram @marialima_restaurante



Momô Sushi
Atende exclusivamente pelo sistema de rodízio. No almoço de segunda a sexta, vigora a versão tradicional, a R$ 94,90 por pessoa. O rodízio premium, que custa R$ 119,90 e está disponível todos os dias, em qualquer horário, inclui opções como os sushis de king crab, de vieira e de foie gras.
R. Nanuque, 36, tel. (11) 3836-4705, Instagram @momosushileopoldina


Petite Dama
Com 85 m² e 35 lugares, a loja da Confeitaria Dama funciona dentro do supermercado Mambo e tem cardápio exclusivo, com pudim, quindim e brigadeirão (R$ 13,50 cada fatia). Comuns às outras unidades, carolinas (R$ 8,50 a unidade) e roscas (R$ 75) levam diferentes recheios.
R. Aliança Liberal, 322, confeitariadama.com.br, Instagram @confeitariadama

Roscas do Petite Dama, na Vila Leopoldina
Roscas, carolinas e doces do Petite Dama, na Vila Leopoldina - Isa Maiolino/Divulgação

Picanharia dos Amigos
A rede, nascida na Casa Verde, ganhou esta filial em 2019. Carnes e espetinhos são preparados na brasa, à vista dos clientes. Antes da costela bovina, que sai a R$ 129 e dá para dois, a tradição é pedir a porção de coxinhas de cupim (R$ 49,90, com seis unidades).
R. Guaipá, 1.017, tel. (11) 3645-4586, picanhariadosamigos.com, Instagram @picanhariadosamigos


Rinconcito Peruano
A rede do chef peruano Edgard Villar, com dez lojas, tem como especialidades as receitas de seu país. Os ceviches, a partir de R$ 43,90, aparecem nas versões vegetariana, de peixe branco, de salmão e de frutos do mar.
R. Tripoli, 144, tel. (11) 2129-6002, rinconcitoperuano.com.br, Instagram @rinconcitoperuano


Royal Trudel
A rede nascida em Gramado, na Serra Gaúcha, tem como especialidade um doce típico das barracas de rua do leste europeu –a massa adocicada, assada na hora em formato de canudo, é polvilhada de açúcar e canela. O tradicional sai por R$ 9,90, mas há versões turbinadas, como o Sensação Crocante, com nozes e morango (R$ 26,40). O trudel salgado de queijo, lambuzados de cheddar e calabresa picada, sai a R$ 16,50.
R. Carlos Weber, 313, tel. (11) 93370-9830, royaltrudel.com.br, Instagram @royaltrudel


Santa Pausa Coffee and Food
Aberto da manhã à noite, serve refeições como o croque Santa Pausa, que leva brioche de milho com presunto, queijo branco, parmesão e bechamel (R$ 36), e o sanduíche de costela com queijo prato, agrião e maionese de ervas (R$ 36). Eventualmente abriga saraus e degustações, com programação divulgada no Instagram.
R. Passo da Pátria, 1.239, tel. (11) 3832-8890, Instagram @nossasantapausa


Saj
Com oito unidades na Grande São Paulo, tem a culinária libanesa como especialidade. No frio, faz sucesso o b’labanie, sopa de coalhada com pequenos quibes dentro (R$ 65).
R. Carlos Weber, 1.512, tel. (11) 3037-7701 e 98033-1489, sajrestaurante.com.br, Instagram @sajrestaurante


Taquito El Mexicanito
Nascida em Presidente Prudente (SP), a rede chegou ao bairro em 2020 e, por enquanto, só atende por delivery e retirada —em setembro, a casa tem previsão de inaugurar o salão. Do clássico cardápio "tex-mex", o combo número um inclui um taco, um burrito e miniporção de nachos, com potinhos de cheddar, guacamole e salsa de pimenta (R$ 37,80).
R. Carlos Weber, 1.866, WhatsApp (11) 96221-8063, Instagram @taquito_sampa


Wheat Biopadaria
Tem como destaque as refeições saudáveis, com pães e smoothies para o café da manhã e menus fechados para o almoço. O lanche de tofu orgânico temperado com shoyu e gengibre, cenoura, patê de ervas e folhas no pão de grãos custa R$ 43.
R. Carlos Weber, 1.622, tel. (11) 3628-8209, wheat.com.br, Instagram @biopadariawheat

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