Restaurante Ramona, no centro de SP, é mais um a fechar as portas por causa da pandemia

Espaço passava por crise financeira; sócio aponta falta de apoio do governo

Adriano Vizoni/Folhapress

Fachada do restaurante Ramona, no centro de São Paulo Adriano Vizoni/Folhapress

São Paulo

Depois de quase nove anos em funcionamento no número 282 da avenida São Luís, no centro de São Paulo, o restaurante Ramona seguiu o caminho de vários estabelecimentos da cidade e fechou as portas.

Em meio à fase emergencial, a mais restritiva da quarentena que a capital paulista já enfrentou, os sócios da casa decidiram que não tinham mais condições financeiras para manter o espaço ativo por mais tempo.

“Desde o ano passado a gente já vinha caminhando para isso. Mesmo quando retomamos o atendimento presencial, nunca conseguimos um faturamento que fosse suficiente para fechar a conta no azul e não atingimos nem 40% do que vendíamos antes. E aí fomos acumulando mensalmente o prejuízo”, diz Bruno Fischetti, sócio e chef do espaço.

Até então, o Ramona funcionava seguindo as adaptações impostas pelas fases do Plano SP —projeto do governo do estado para conter o aumento dos casos de coronavírus—, como horário e capacidade limitadas e mesas com distanciamento. O restaurante também entregava seus pratos pelos aplicativos de delivery, mas, segundo Fischetti, a entrega não atingia nem 5% de seu público.

“Fomos empurrando, fazendo cortes, renegociando aluguel, mas não foi suficiente. Precisávamos escolher entre o prejuízo maior, que era fechar, ou continuar aumentando as dívidas com a esperança de que uma hora as coisas melhorassem. Mas não dava para ficar mais um ano imaginando que daria certo”, conta.

Em janeiro, quando a cidade enfrentava a fase vermelha do plano de contingência, o chef se juntou a outros donos de restaurantes em um protesto contra as medidas de restrição impostas pelo governo de São Paulo aos estabelecimentos.

Steak Tartare do restaurante Ramona
Steak Tartare do restaurante Ramona - Adriano Vizoni/Folhapress

“A gente concordava que os lugares tinham que ficar fechados, mas precisávamos de ajuda. Protestamos para fazer uma pressão por um plano mais abrangente para os restaurantes e por um pedido de conversa com os governos”, explica.

Segundo ele, os incentivos do governo não chegaram nas mãos dos donos de estabelecimentos menores. “A política para diminuir a perda de empregos praticamente não existiu, foi feita para meia dúzia de lugares. Se a ajuda não foi suficiente para quem conseguiu, imagina para nós, que não conseguimos”, diz.

A casa se une a outros endereços de São Paulo que fecharam as portas nos últimos meses da pandemia, como o Genésio, tradicional bar na Vila Madalena, os restaurantes Clandestino, de Bel Coelho, e Lá da Venda, de Heloisa Bacellar, e espaços de shows como a Casa do Mancha e a Casa de Francisca.

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