Depois de quase nove anos em funcionamento no número 282 da avenida São Luís, no centro de São Paulo, o restaurante Ramona seguiu o caminho de vários estabelecimentos da cidade e fechou as portas.
Em meio à fase emergencial, a mais restritiva da quarentena que a capital paulista já enfrentou, os sócios da casa decidiram que não tinham mais condições financeiras para manter o espaço ativo por mais tempo.
“Desde o ano passado a gente já vinha caminhando para isso. Mesmo quando retomamos o atendimento presencial, nunca conseguimos um faturamento que fosse suficiente para fechar a conta no azul e não atingimos nem 40% do que vendíamos antes. E aí fomos acumulando mensalmente o prejuízo”, diz Bruno Fischetti, sócio e chef do espaço.
Até então, o Ramona funcionava seguindo as adaptações impostas pelas fases do Plano SP —projeto do governo do estado para conter o aumento dos casos de coronavírus—, como horário e capacidade limitadas e mesas com distanciamento. O restaurante também entregava seus pratos pelos aplicativos de delivery, mas, segundo Fischetti, a entrega não atingia nem 5% de seu público.
“Fomos empurrando, fazendo cortes, renegociando aluguel, mas não foi suficiente. Precisávamos escolher entre o prejuízo maior, que era fechar, ou continuar aumentando as dívidas com a esperança de que uma hora as coisas melhorassem. Mas não dava para ficar mais um ano imaginando que daria certo”, conta.
Em janeiro, quando a cidade enfrentava a fase vermelha do plano de contingência, o chef se juntou a outros donos de restaurantes em um protesto contra as medidas de restrição impostas pelo governo de São Paulo aos estabelecimentos.
“A gente concordava que os lugares tinham que ficar fechados, mas precisávamos de ajuda. Protestamos para fazer uma pressão por um plano mais abrangente para os restaurantes e por um pedido de conversa com os governos”, explica.
Segundo ele, os incentivos do governo não chegaram nas mãos dos donos de estabelecimentos menores. “A política para diminuir a perda de empregos praticamente não existiu, foi feita para meia dúzia de lugares. Se a ajuda não foi suficiente para quem conseguiu, imagina para nós, que não conseguimos”, diz.
A casa se une a outros endereços de São Paulo que fecharam as portas nos últimos meses da pandemia, como o Genésio, tradicional bar na Vila Madalena, os restaurantes Clandestino, de Bel Coelho, e Lá da Venda, de Heloisa Bacellar, e espaços de shows como a Casa do Mancha e a Casa de Francisca.
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