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Restaurantes

Como usar o delivery com frequência, comer bem e não ir à falência

Mesmo nos bons restaurantes de São Paulo, encontram-se pratos de até R$ 40

A dobradinha com caldo de grão de bico, paio, legumes e arroz cozido do restaurante Modi Gastronomia

A dobradinha com caldo de grão de bico, paio, legumes e arroz cozido do restaurante Modi Gastronomia Adriano Vizoni/Folhapress

Após um ano de pandemia dependendo quase diariamente dos deliveries de restaurantes paulistanos, revelo que engordei dois quilos —o que atribuo à falta de exercícios— e os gastos mensais pouco mudaram.

Dá para ser (razoavelmente) saudável e não ir (completamente) à bancarrota se alimentando em restaurante se houver paciência na escolha. Claro, a comparação é de alguém que já tinha gastos com almoço em pés-sujos nos dias úteis e ia uma vez a cada fim de semana em restaurantes.

Se sua comparação for com uma dieta 100% caseira sem extravagâncias, há prejuízo —a menos que a economia de tempo balanceie sua equação. Aqui, somos uma família de dois adultos e duas crianças. A conta do supermercado, somada a refeições escolares e almoços no trabalho, pesa.

Na pandemia, para prepararmos oito refeições ao dia, há três opções: ajuda externa (expondo a funcionária, algo impensável), congelados ou delivery. Há ainda a exaustão.

Às vezes só resta a exaustão. Sempre que dá, no entanto, os dois adultos da casa que trabalham na cobertura jornalística do coronavírus, além de criarem as duas crianças, pagam para não fazer comida às 22h após infinitas horas de trabalho.

No começo do dia, a disposição é outra. Assim, os almoços passaram a ser caseiros, em família, com algo que sobre para a janta dos meninos. Apaziguada essa conta e a nutrição dos pequenos, os adultos da casa ficam com a única quebra de rotina pandêmica possível —pedir uma comida diferente por dia.

Mesmo nos bons restaurantes de São Paulo, encontram-se pratos de até R$ 40 por pessoa vasculhando os aplicativos. Era o que eu gastava, em média, para almoçar nas adjacências da Folha, nos Campos Elíseos, no centro da cidade.

Exemplos? As massas do MoDi (R$37,50 no iFood), os pratos do agricultor do Arturito, de Paola Carosella (R$ 39, no Rappi); os dumplings do TanTan (de R$ 27 a R$ 32 com seis unidades); a galinhada do Mensa (R$ 39 até o restaurante deixar o iFood), os baos do Mapu (R$ 23 a R$ 25 no iFood); os bentôs do Aizomê (R$ 40, no iFood); os combinados do Arábia (a partir de R$ 32).

E o Restaurante da Sopa de Cebola do Ceasa, que, além do carro-chefe (R$ 17,50 meio litro), vende tortas que alimentam dois adultos a R$ 35.

Nessa faixa é possível criar porções para dois com proteína e um acompanhamento no Futuro ou no Mercadinho Dalva e Dito. O Tujuína serve refeições de vários componentes a R$ 58, que podem ser complementadas por uma entrada (R$ 28) e divididas.

Aliás, muitos dos pratos individuais chegam em casa em porções mais generosas do que as servidas nos salões. Não raro, é possível compartilhá-las, talvez pedindo uma entrada também para dividir.

Na conta, não há sobrepreço de bebida —compramos vinho, cerveja e sucos para o mês. Sobremesa? Quase sempre é descartada. Sorvete na geladeira ou uma fruta aplacam eventuais vontades.

E, para baratear as entregas sem penalizar o entregador, vale a pena para os deliveiros contumazes um serviço de fidelidade, caso do Prime da Rappi (R$ 29 por mês, sem limite de entregas —você só paga a caixinha que estipular para quem busca).

O prato dos agricultores, um dos itens do menu do delivery do Arturito
O prato dos agricultores, um dos itens do menu do delivery do Arturito - Reprodução/Instagram

Com um menu infinito, fica fácil contrabalançar opções. Massas se limitam a uma vez por semana, às vezes duas. Tem dia que uma salada fornida como a do grego Kouzina (R$ 38 a R$ 42) resolve, ou talvez uma carne ou peixe.

De vez em quando as calorias são esquecidas com hambúrgueres do Z Deli (R$ 29 a R$ 36, no iFood) ou os sanduíches de peixe ou frutos do mar do Baru Sandu (R$ 30 a R$ 39). Frequentemente, há sobras. Nos fins de semana, há pratos em várias casas para a família.

Não estou mais rica nem mais magra depois de um ano de delivery, decerto. Um escape na rotina infindável da pandemia, entretanto, pode aquietar a balança e o bolso.

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