Hamburgueria em SP faz competição de quem come mais lanches; saiba qual é o recorde

Com unidades espalhadas pela cidade, Sliders vende tipo de burger pequeno popular nos EUA

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São Paulo

Comer 56 hambúrgueres em uma hora pode soar como uma missão impossível para muitos. Mas foi essa a quantidade de sanduíches que um cliente devorou na Sliders, hamburgueria paulistana que faz uma curiosa competição de quem consegue comer mais lanches.​

Uma plaquinha pregada na parede da lanchonete na rua Major Sertório, na região central de São Paulo, exibe a data do feito e o nome do atual recordista: Ricardo Corbucci. Ao todo, ele colocou para dentro quase seis quilos de comida. Dá mais ou menos um hambúrguer por minuto.

Mas calma lá, o que ele ingeriu não foi um burger qualquer. Foram os chamados sliders, um tipo de lanche pequeno, com cerca de 100 g, que é popular nos Estados Unidos. Embora ainda seja novidade por aqui, a receita já existe há cem anos.

Hambúrgueres da Sliders, lanchonete com cinco unidades em São Paulo
Os sliders pesam cerca de 100 g e são oferecidos em combos - Divulgação

O slider foi inventado em 1921 pela White Castle, a rede de fast-food mais antiga do mundo, no Kansas. O termo foi popularizado nos anos 1940 por marinheiros americanos, que diziam que os lanches deslizavam na garganta por conta da gordura e do tamanho —"slide", em inglês, significa escorregar.

Mas ele não é apenas um miniburger. O que o torna diferente é o processo de cocção, que usa o vapor liberado por cebolas para cozinhar a carne, em vez de grelhá-la. "É quase um hambúrguer cozido. Por isso, tem um sabor específico. Ele precisa ser feito com cebola, mas não tem o gosto dela", explica Bruno Jacob Perina, um dos quatro sócios da Sliders.

No preparo, pedaços do ingrediente formam uma camada embaixo de um disco carne de 50 g. Em contato com a chapa, a água liberada vira vapor e cozinha a carne, derrete o queijo por cima e umedece o pão. Demora aproximadamente cinco minutos para ficar pronto e o resultado é um lanche macio e úmido que se come em duas ou três mordidas.

A Sliders surgiu entre amigos e foi uma das primeiras a investir nesse tipo de lanche em terras brasileiras, em 2018. "A gente viu que era um hambúrguer diferente em um nicho que já estava muito saturado. Não existia nenhum lugar especializado no país", diz Perina, que é engenheiro.

A receita leva apenas três ingredientes no pão, mas pode ganhar itens extras, como picles, bacon, rúcula, tomate e pepperoni. Uma versão vegetariana é feita com shiitake e abobrinha empanada. O cardápio lista sete opções, com preços entre R$ 8,90 e R$ 14,90 cada uma.

Devido ao tamanho, os sliders são oferecidos em conjuntos de três, cinco e dez unidades, que saem mais em conta para o cliente. No início, o público, acostumado a discos de carnes volumosos, estranhou a pequenez dos lanches —os smash burgers, que são mais fininhos, ainda estavam ganhando espaço em São Paulo naquela época.

"Quando os clientes entravam na loja, a gente sempre contava a história do produto, para que entendessem o que estavam comendo. Fazíamos questão de explicar o tamanho e tentávamos remeter a quantidade", diz Perina.

Foi então que a ideia de desafiar quem comia mais sliders surgiu, como uma brincadeira. "Um dia, devíamos estar abertos há quatro meses, entrou um cara e comeu oito. Era a primeira vez que alguém fazia isso, então tiramos uma foto com o recorde e postamos no Instagram."

Logo viralizou e o número foi aumentando: 10, 13, 20, e assim foi indo. Em 10 de dezembro de 2019, o atual recordista, Ricardo Corbucci, comeu 56 lanches em uma hora. Mas não foi à toa: Corbucci faz sucesso no YouTube gravando vídeos em que come montanhas de todo o tipo de comida em pouco tempo —hábito que não parece ser muito ​saudável. "Depois que ele veio, ninguém mais se atreveu a tentar bater o recorde", diz Perina.

Mesmo assim, quem quiser encarar o desafio pode tentar, é só chegar em qualquer unidade e informar o interesse. Quem supera o número não paga nada e ainda ganha uma plaquinha na parede com seu nome. Mas, se não conseguir, tem que pagar a conta. Um combinado com 50 sliders, por exemplo, sai por R$ 324,50.

Os sócios chegaram a organizar uma competição inspirada em eventos americanos quando completaram um ano de casa. Reuniram uma plateia e cinco pessoas disputaram para ver quem comia mais sandubas em dez minutos. Um americano, que estava visitando o país, comeu impressionantes 46 e foi eleito o vencedor. "Nos EUA é muito difundida a competição de comidas, há todo um preparo antes."

O recorde continua intacto, mas o desafio foi atrapalhado em parte pela pandemia, que fez com que os salões da hamburgueria ficassem fechados por mais de um ano. A crise não impediu, porém, que o negócio se expandisse pela cidade e começasse a vender os sliders congelados, para serem aquecidos em casa.

Foram inauguradas lojas na Vila Buarque, na Vila Olímpia, em Santana, no Ipiranga, na Vila Leopoldina e no Tatuapé —as duas últimas fecharam. A matriz, nos Jardins, foi encerrada depois que o imóvel que ocupava foi vendido a uma incorporadora. Hoje, são quatro endereços em funcionamento.

Um "sliderômetro" foi colocado na fachada de cada unidade. O painel digital contabiliza as vendas em tempo real, inspirado no formato do impostômetro, que exibe todo o imposto arrecadado no país em uma tela instalada em um prédio no centro de São Paulo. Nesta segunda, dia 25, o número estava um pouco acima de 686 mil sliders —​e contando.

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