Confira dez obras da Bienal comentadas pelo crítico da Folha Fabio Cypriano

Confira dez trabalhos essenciais comentadas pelo crítico da Folha Fabio Cypriano. No fim desta página, saiba como localizar as obras a serem visitadas e programe seu roteiro.

1. Abajur, de Cildo Meireles
O que é: Estrutura de dois andares com a projeção de imagens do mar e do céu.
Por que ver: Esse trabalho, politicamente incorreto ao usar duas pessoas que o tempo todo movem o centro do abajur quase como num trabalho escravo, no fim aponta para a ação humana como base de tudo, revelando uma forte poética, típica dos artistas.

2. The Ballad of Sexual Dependency, de Nan Goldin
O que é: "Slideshow" feito com centenas de imagens de um álbum de memória.
Por que ver: "A Balada da Dependência Sexual" (1979-2004) é um dos mais lindos trabalhos sobre a noção de família contemporânea. Aborda a amizade e a solidariedade, em momentos nem sempre tão felizes.

3. Miguel Rio Branco
O que é: Filme em que o artista retrata o Pelourinho (Salvador).
Por que ver: "Nada Levarei quando Morrer Aqueles que Mim Deve Cobrarei no Inferno" (1979 - 1981) aborda questões muito similares à de Nan Goldin, só que num contexto de miséria no Pelourinho, em Salvador. A trilha de Roberto Carlos transforma o filme.

4. Tornado, de Francis Alys
O que é: Vídeo que mostra o artista belga se jogando em tornados no deserto do México.
Por que ver: O artista se mete em meio a tornados numa das metáforas mais fortes da Bienal sobre o papel da arte e do artista, como a do vento que consegue carregar as pessoas e a do investigador que não tem limites em sua coragem.

5. Matéria de Poesia e Menos-Valia, de Rosângela Rennó
O que é: Ampliações de slides recolhidos ao acaso pela artista mineira.
Por que ver: Com os dois trabalhos na mostra, a artista constrói, a partir de imagens e objetos fotográficos descartados, uma das obras mais ricas, visualmente e conceitualmente, desta edição da Bienal.

6. Sobre Este Mundo, de Cinthia Marcelle

O que é: Instalação formada por uma lousa e amontoados de pó de giz.

Por que ver: Composta por uma imensa lousa onde a artista obsessivamente escreveu e apagou, a instalação fala tanto sobre comunicação e falta de comuni- cação, a importância e a inutilidade da educação formal. É simples e eloquente.

7. Beggars, de Kutlug Ataman
O que é: Instalação em vídeo na qual o artista turco registra pedintes.
Por que ver: É uma das instalações mais fortes da mostra. O cineasta turco apresenta mendigos numa situação um tanto comum para brasileiros, que reforça a teatralidade da ação de pedir e, num ambiente supersofisticado, reverte a literalidade de apresentar marginais.

8. Ninhos, de Hélio Oiticica
O que é: Uma estrutura de madeira composta por vários compartimentos.
Por que ver: "Ninhos" é uma obra do artista que se mantém atual. Esteve na histórica mostra "Information" (1970), no MoMA, em Nova York. Em São Paulo, poucos a conhecem. E, numa mostra de 30 mil m 2, lugar para descansar é sempre útil.

9. 350 Pontos Rumo ao Infinito, de Tatiana Trouvé
O que é: Linhas com pesos na ponta de diferentes formatos pendem do teto.
Por que ver: Outro trabalho com grande impacto visual. Dezenas de pesos encontram-se deslocados do eixo graças a forças magnéticas escondidas sob o piso. Essa disposição leva o espectador a pensar, afinal, o que é normal.

10. Ship of Fools, de Allan Sekula
O que é: Instalação que documenta a jornada de um velho cargueiro ao redor do mundo.
Por que ver: "Ship of Fools" (Barco dos Tolos) aborda, de uma forma documental bem-humorada e complexa, questões como globalização, trabalho marítimo e circulação de mercadorias, por meio de um navio que busca "o paraíso dos tolos".

Crédito: Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress

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