No dia 29 de fevereiro de 1989, a Beija-Flor fez história ao entrar na Sapucaí com o desfile “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”.
Com o enredo criado por Joãosinho Trinta, a escola fez do lixo seu mote com um samba que apontava aspectos do cotidiano do país, incluindo a inflação desenfreada e a diferença de classes às vésperas da primeira eleição presidencial após a ditadura militar. Na avenida, a letra era cantada por centenas de passistas e celebridades vestidas de farrapos.
Apesar de não ter vencido (ficou em segundo, atrás da campeã Imperatriz Leopoldinense), o desfile foi um marco e inspirou a mostra homônima no CCSP, a partir deste sábado (23).
Com curadoria de Carlos Eduardo Riccioppo e Thaís Rivitti, o início da exposição lembra, por meio de trechos de vídeos, uma polêmica com o carro abre-alas, no qual o Cristo Redentor viria vestido como mendigo. Há, ainda, desenhos preparatórios das alegorias, seguindo as ideias do artista e carnavalesco.
A Arquidiocese do Rio de Janeiro conseguiu proibir a ação, mas Joãosinho Trinta não se rendeu. Cobriu o Cristo com um saco preto e incluiu a mensagem “mesmo proibido olhai por nós”.
Nomes renomados integram a coletiva com obras que dialogam com o desfile, como Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, que apresentam “Swinguerra”, Arnaldo Antunes que exibe uma obra sonora, Augusto de Campos com o poema visual “Lixo Luxo” e Nuno Ramos com a instalação que serve carne de boi para bichos comerem.
Comentários
Ver todos os comentários