No Candomblé, preparar e servir a comida é considerado um ato sagrado. Afinal, no momento da refeição comunal, o ounje ou ajeum, acredita-se que não são só os praticantes que partilham a ceia, mas também os orixás, divindades que representam os fenômenos da natureza.
Essa culinária dos terreiros inspira a coletiva que o Sesc Ipiranga inaugura nesta terça (18), "Ounje - Alimento dos Orixás". A exposição propõe uma imersão estética e sensorial na cultura africana por meio da produção de nove artistas.
O percurso envolve, por exemplo, a vídeo-performance 'Buruburu', de Ayrson Heráclito —também um dos curadores da exposição—, em que quase 300 quilos de pipoca são jogados sobre o artista em um ritual de limpeza do Candomblé.
Além dela, alimentos como feijoada, dendê, óleo de palma e quiabo aparecem na série de vídeos que ele exibe.
"Todo o meu trabalho perpassa esse universo do candomblé", diz Heráclito. "É como eu compreendo o mundo: pelo filtro do mágico."
Usado no culto a vários orixás, o quiabo reaparece na instalação que Luiz Marcelo apresenta na mostra. Uma espécie de portal decorado com 1.400 quiabos de cerâmica, ele representa poeticamente o solo sagrado dos terreiros.
Além das obras de arte, a mostra ainda apresenta uma extensa programação paralela, que inclui, entre outros, apresentações de música e dança —além de, é claro, oficinas de culinária.
Sesc Ipiranga - R. Bom Pastor, 822, Ipiranga, região sul, tel. 3340-2000. Ter. a sex.: 9h às 21h30. Sáb.: 10h às 21h30. Dom.: 10h às 18h30. Abertura ter. (18), às 20h. Até 25/8. Livre. GRÁTIS
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