Em cartaz no Instituto Moreira Salles (centro de São Paulo) até 11 de setembro, a exposição "Retratos do Império e do Exílio: Imagens da Família Imperial no Acervo de Dom João de Orleans e Bragança" traz 170 fotos da família real brasileira em importantes e íntimos momentos de exercício e após sua queda.
O acervo pertence a D. João de Orleans e Bragança, o D. Joãozinho, e foi cedido ao IMS por cinco anos em regime de comodato. D. João divide a curadoria da mostra com o coordenador de fotografia do instituto, Sergio Burgi. O Guia falou com os dois.
Segundo Burgi, a exposição mostra muito do modo de vida da família imperial, que define como "low profile". "Apesar de ser uma família imperial, as fotos mostram a descontração e a falta de formalidade dos nobres brasileiros frentes às câmeras, se comparados com famílias reais de outros países", diz.
O príncipe do Brasil concorda. "Minha família sempre teve um aspecto humilde de não lançar mão de seguranças, de andar no meio da população, de lidar com gente simples o tempo todo."
A descontração e informalidade vistas nas fotos têm também outra razão: trata-se de uma família real, abastada, portanto. Naquela época fotografar era um luxo, "como uma pintura formal", diz D. Joãozinho. A família real, no entanto, tinha fotógrafos renomados à sua disposição para registrar as poses que quisesse. Acompanharam os Orleans e Bragança nomes como Marc Ferrez e Revert Henry Klumb.
FOTOGRAFIA NA FAMÍLIA
O príncipe diz que D. Pedro 2º foi o primeiro chefe de estado do mundo a possuir uma máquina fotográfica. "Apesar de nunca ter sido fotógrafo, ele a comprou pois tinha um profundo interesse em acompanhar o desenvolvimento tecnológico pelo qual o mundo passava naquele período e não queria deixar o Brasil para trás. Naquela época, ele também comprou um telefone do próprio Graham Bell", afirma.
O coordenador de fotografia do IMS, Sergio Burgi, acredita, no entanto, que o ofício está na família. O próprio D. Joãozinho é fotógrafo, e as princesas Leopoldina e Isabel fizeram cursos com os fotógrafos dos Orleans e Bragança.
Ao serem perguntados sobre a imagem mais importante da mostra, ambos apontaram a foto da missa campal que celebra a Abolição da Escravatura. "O registro, apesar tecnicamente não ser tão bem-feito, é um retrato da diversidade brasileira naquela época.
Ele sintetiza em uma imagem tudo o que a exposição quer transmitir --o paradoxo da nobreza e a descontração em uma família, e o momento de mudança de um país proporcionado por ela", diz Sérgio Burgi. "É inegavelmente um marco e uma das passagens históricas mais importantes de nosso país". Afirma D. João.
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