Exposição revela obra de artista morto pela ditadura militar brasileira

O esboço de um pilão, algumas folhas verdes e uma colagem de jornal são os poucos elementos deixados por Antonio Benetazzo em sua última obra, que data de 1972. Antes que pudesse finalizá-la, ele foi capturado por agentes da repressão da ditadura militar e assassinado a pedradas no Sítio 31 de Março, em Parelheiros.

"Sua obra é como essa colagem: mais preenchida pela ausência do que pela presença", comenta Reinaldo Cardenuto, curador da exposição "Antonio Benetazzo, Permanências do Sensível". A mostra, que estreia nesta sexta (1º) no Centro Cultural São Paulo, busca revelar o trabalho artístico quase desconhecido do militante e professor ítalo-brasileiro de Filosofia e de História da Arte.

Crédito: Divulgação "Perspectivas: Feira de Ilusões, colagem criada em 1969 pelo militante Antonio Benetazzo
"Perspectivas: Feira de Ilusões, colagem criada em 1969 pelo militante Antonio Benetazzo

Cardenuto conta que a descoberta da verve artística de Benetazzo (1941-1972) se deu em 2014. Nessa época, a Coordenação de Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo (CDMV/SMDHC) iniciou uma pesquisa por sua história e uma busca por suas obras. Das cerca de 200 encontradas, 90 integram a mostra.

"Ele tinha um domínio técnico muito grande do desenho, com uma variação de experiências estéticas e de temas", comenta o curador. "Em 1968, quando a sua obra atinge uma maturidade, ele cria tanto nanquins que evocam o grotesco, quanto colagens coloridas e suaves".

Para Marie Goulart, integrante da CDMV/SMDHC, "a mostra é uma reparação para a sociedade, que foi impedida de ter acesso a uma produção por causa da violência de Estado".

CCSP - R. Vergueiro, 1.000, tel. 3397-4002. Ter. a sex.: 10h às 20h. Sáb. e dom.: 10h às 18h. Abertura: 1º/4, 19h. Até 29/5. GRÁTIS

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