Autor de mangá de Michael Jackson diz que foi hostilizado na Liberdade

Quando Michael Jackson morreu, em junho deste ano, o desenhista Fabio Shin, 29, recebeu um golpe duplo. Além de ser um fã, ainda estava no quinto capítulo do mangá que preparava sobre o astro. "Por causa da morte dele, tivemos de aprimorar e incluir outras coisas, e o projeto ficou maior", conta. A biografia em quadrinhos ganhou dois volumes e o primeiro deles chega às livrarias em dezembro.

Crédito: Reprodução
"Eternamente Michael" é um mangá brasileiro sobre o ídolo Michael Jackson, em dois volumes

"Eternamente Michael" (editora Seoman, com 232 páginas e preço previsto de R$ 26) é um mangá (história em quadrinhos) feito por três aficionados do rei do pop. E que também dá nome à exposição que estará, a partir desta sexta-feira (4), na estação de metrô Paraíso --são 60 caricaturas de desenhistas de várias partes do mundo.

Quem assina o roteiro é Ledo Vieira e Joice Castilho, que buscaram curiosidades sobre o ídolo, sendo algumas inéditas, segundo os pesquisadores --como a primeira plástica no nariz feita pelo astro devido a uma queda durante um show.

Shin, que cuidou do traçado, também teve o cuidado de estudar as roupas de Michael Jackson e seus passos de dança para reproduzi-los com fidelidade na versão em quadrinhos --o mangá também tem poemas escritos pelo próprio Michael Jackson e letras de músicas. Nada muito complicado para quem acompanha a vida do astro desde pequeno e foi um de seus minicovers. Nesta entrevista, o autor fala da produção do mangá e conta como era hostilizado no bairro da Liberdade, quinze anos atrás, por não ser descendente de japoneses [Shin é um pseudônimo]:

Folha Online - "Eternamente Michael" é seu primeiro mangá?
Shin - Sim, é o primeiro, mas sempre fui fã de Michael Jackson. Tinha as roupas dele e fazia o "moonwalk" quando era pequeno (risos).

Folha Online - Você apressou o mangá por causa da morte do cantor?
Shin - O projeto surgiu muito antes de Michael morrer. A editora Seoman tinha proposto uma série de mangás biográficos, como de bandas musicais, mas como me deu liberdade para escolher o artista, achei melhor o Michael Jackson, que conhecia mais. É uma espécie de homenagem. O nosso mangá foi feito mais com o olhar do fã, tanto é que conta como o Michael Jackson agia, o que gostava de fazer, como pensava, como era a cabeça dele. Essa foi a principal abordagem.

Folha Online - Você ia para as livrarias da Liberdade em busca de inspiração?
Shin - Isso era um problema. Não sou japonês. O dono de uma livraria de mangás me deu esse nome, Shin. Eu chegava às livrarias e tinha que mostrar o dinheiro para poder comprar. Passei muito por isso. Hoje a Liberdade é sustentada por não japoneses, e as livrarias que me enxotavam agora me atendem maravilhosamente bem. Para você ter ideia, um "gaijin" [estrangeiro] que quisesse se tornar sócio de uma locadora de fitas de animê tinha que levar, junto, um amigo descendente de japonês. Então, eu até conseguia alugar a fita, mas não conseguia devolver, porque, às vezes, não abriam a porta para mim. Isso começou a parar a partir de 1998.

Folha Online - Quais são seus desenhos prediletos?
Shin - Gosto do Goshi Aoyama desde que estreou "Detetive Conan" [jovem detetive que foi transformado em um pré-adolescente]. É uma das minhas maiores referências, além de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco. Sempre gostei mais de animê, muito mais do que mangá.

Folha Online - Mas você está lançando um mangá, e não um animê.
Shin - Um episódio de animê pode chegar a custar R$ 100 mil e há agências que pagam R$ 600 por segundo animado. Se você pensar que um episódio pode ter 25 minutos, já dá uma ideia do custo. O mangá é muito mais barato. A decisão foi pelos custos e recursos e o tempo para produzi-lo.

Leia mais em Exposições

Leia mais no Guia da Folha Online

Especial

As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais