Professora, artista plástica, museógrafa: Lina Bo Bardi foi tudo isso, mas talvez seu trabalho mais conhecido seja o de arquiteta. Foi ela quem projetou ou reformou marcos da cidade de São Paulo, como o Masp, o Sesc Pompeia ou a Casa de Vidro, por exemplo.
Confira abaixo uma lista com lugares onde encontrar os traços de Lina Bo Bardi, além de curiosidades sobre um projeto que não chegou a ser realizado:
REALIZADOS
Sesc Pompeia
A reforma da unidade Pompeia do Sesc, projetada por Lina e pelos então assistentes Marcelo Ferraz e André Vainer, levou nove anos e manteve a estrutura da fábrica dos anos 1930. A intenção de promover encontros foi atingida, como provam os mais de 1,3 milhão de visitantes ao mês. "Para a Lina, espaços assim permitem estar aconchegado mesmo só", reflete Ferraz. Ela levou o escritório ao canteiro, onde criou soluções com os operários inspirada no artesanato, como os mandacarus nas frestas das passarelas.
Sesc Pompeia - r. Clélia, 93, Água Branca, tel. 3871-7700. Ter. a sáb.: 9h às 22h. Dom. e feriados: 9h às 20h. Livre. Grátis.
Casa de Vidro
A Casa Bardi, de 1951, é um conjunto com uma base horizontal de concreto suspensa por tubos e revestida de vidro. O local foi a residência dos Bardi. Hoje abriga obras de arte do casal, móveis e uma biblioteca. O arquiteto Marcelo Ferraz, que conviveu com Lina nos seus últimos 15 anos, relata hábitos quase reclusos. "Ela vivia a casa, o lugar era ela. Nos últimos anos montamos nosso escritório no jardim". O lugar é cercado por um bosque. "Ela projetou e plantou um jardim que depois envolveu a casa", diz Anelli. Tombado em 1987, o local é visitado com agendamento.
Casa de Vidro - r. Gen. Almério de Moura, 200, Vl. Tramontano, tel. 3743-3875. Visita de seg. a sex., das 9h às 15h; agendamento p/ e-mail visita@institutobardi.com.br (p/ grupos acima de dez pessoas; ingr.: R$ 20 cada).
Museu de Arte de São Paulo (Masp)
"Eu não nasci aqui, escolhi esse lugar para viver. O Brasil é meu país duas vezes", escreveu Lina. Sua chegada ao Brasil está ligada ao nascimento do Masp, em 1947, ainda na rua Sete de Abril. O magnata Assis Chateaubriand convidou o italiano Pietro Maria Bardi para auxiliá-lo a criar um museu. Quando o espaço ficou pequeno, Lina concebeu a atual sede do Masp na av. Paulista, em 1958. Para atender à exigência de Joaquim Eugênio de Lima, doador do terreno, de preservar a vista para o centro, ela apostou em um subterrâneo e em um elevado suspenso. A construção levou dez anos e foi inaugurada pela rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido.
Av. Paulista, 1.578, Bela Vista, tel. 3251-5644. Ter., qua. e sex. a dom.: 10h às 17h30 (até as 18h). Qui.: 10h às 19h30 (até as 20h). Ingr.: R$ 15 (grátis p/ menores de 10, maiores de 60 anos, e ter.). Livre. Estac.
(R$ 13 e R$ 14 p/ 2 h, na al. Casa Branca, 41). Visita monitorada p/ agendamento@masp.art.br.
Teat(r)o Oficina
Projetado em 1984 com Edson Elito, o teatro é um exemplo das solução simples, baratas e conceituais que Lina buscava. As plateias de ópera inspiram andaimes verticais que sobem em torno de um palco. "Foi fruto de uma colaboração longa da Lina com o Zé Celso [Martinez Corrêa, diretor e fundador do Oficina]. Foram várias opções até essa ser escolhida", diz Renato Anelli, 55, um dos diretores do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi. Aberto em 1993, o lugar já releu marcos como "Hamlet", de Shakespeare, "à moda de óperas de Carnaval 'eletrocandombláicas'", na definição do próprio Oficina. A partir de sábado (4), o teatro exibe o Festival das Cacildas
Teat(r)o Oficina - r. Jaceguai, 520, Bela Vista, tel. 3106-2818. 300 lugares. Visita monitorada p/ tel. 3104-0678.
FEITOS, MAS...
Museu de Arte Moderna
Sob a marquise no conjunto do parque Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer em 1954, o edifício que abriga o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) foi reformado em 1982 pela arquiteta e por seus então assistentes André Vainer e Marcelo Ferraz. Antes disso, o acervo mudou de sede várias vezes -passou até pelos edifícios Itália e Conjunto Nacional. "O MAM sob a marquise era um quebra-galho; a gente advertia que o ideal era não ter nada ali, mas eles insistiram", diz Ferraz, que ressalta: o projeto não previa itens posteriores, como a escultura da aranha. O acervo inclui obras de Anita Malfatti e Alfredo Volpi, a maioria oriunda da coleção do mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho (1898-1977), e o museu hoje tem mostras de Paulo Bruscky e de Rivane Neuenschwander.
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, parque Ibirapuera, tel. 5085-1300. Ter. a dom.: 10h às 17h30 (até as 18h). Livre. Estac. (sistema Zona Azul - portão 3). Visita monitorada p/ 5085-1313 ou educativo@mam.org.br. Grátis.
Museu Catavento
"Este projeto credencia o local a ser um pouco de tudo aquilo que, numa capital, é maior e mais poético (grandes espaços, praças verdes parcialmente a céu aberto), menos caro e mais amado". Assim Lina descreveu a reforma do Palácio das Indústrias, sede da Prefeitura de São Paulo até 2004. O prédio, construído entre 1911 e 1924, hoje abriga o espaço Catavento (leia na pág. 99), espaço cultural destinado às ciências, e mantido pelo governo estadual de São Paulo. O projeto, coordenado por Lina e por seus assistentes Marcelo Ferraz, Marcelo Suzuki e André Vainer, previa a recuperação do palácio e a construção de um edifício na parte de trás, substituindo um dos viadutos no parque Dom Pedro 2º. Salvo exceções, porém, como o Salão Azul, a ideia foi realizada apenas parcialmente, tendo partes abandonadas e outras modificadas por intervenções posteriores. "Tem muito pouco do projeto, mas há porões recuperados que continuam bastante bem", lembra Ferraz.
Catavento Cultural e Educacional - pça. Cívica Ulisses Guimarães, s/nº, Brás, região leste, tel. 3315-0051. Ter. a dom.: 9h às 16h (c/ permanência até as 17h). Não recomendado para menores de 7 anos. Ingr.: R$ 3 (menores de quatro a 12 anos e maiores de 60 anos) e R$ 6. Grátis p/ menores de três anos, e sáb. Estac. (R$ 10 p/ 4 h) e R$ 20 (ônibus e vans). Visita monitorada c/ agendamento pelo site p/ grupos acima de 20 pessoas.
NÃO SAÍRAM DO PAPEL
Entre os diversos projetos de Lina Bo Bardi que nunca saíram do papel, dois, pensados para São Paulo, chamam a atenção. Para o Instituto Butantan, a arquiteta projetou, em 1965, a construção de um museu. Já o vale do Anhangabaú, no centro, poderia abrigar uma espécie de floresta tropical guardada sob um viaduto elevado para carros, conforme projeto de Lina derrotado em 1981 —a escolhida foi a proposta do arquiteto Jorge Wilheim. A ideia previa ainda resguardar a permeabilidade do solo e facilitar o trânsito de pedestres.
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