Méliès criou "cinema de atrações", diz professor; mostra inédita chega ao MIS

O professor da USP Ismail Xavier comenta, abaixo, sobre o "pai" dos efeitos visuais, o francês Georges Méliès (1861-1938). O artista é tema de mostra inédita que entra em cartaz no MIS (zona oeste de São Paulo) a partir da próxima terça-feira (3).

Na exposição "Mágico do Cinema", seis seções remontam a trajetória do cineasta e de suas invenções revolucionárias. São elas: Méliès Mágico, Méliès Mágico e Cineasta, O Estúdio Méliès, O Universo Fantástico de Méliès, A Viagem à Lua e Fim.

MIS - av. Europa, 158, Jardim Europa, zona oeste, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/2117-4777. Ter. a sex.: 12h às 21h. Sáb. e dom.: 11h às 21h. Abertura em 3/7. Até 16/9. Livre. Ingr.: R$ 4. Estac. (R$ 8 - convênio).

Crédito: Divulgação O desenho corresponde ao filme "Viagem à Lua", de Georges Méliès, baseado em obras de Julio Verne e H.G. Wells
Desenho do filme "Viagem à Lua", de Georges Méliès, baseado em obras de Julio Verne e H.G. Wells


LEIA A ENTREVISTA:

Guia Folha - Para o senhor, quem foi Georges Méliès?
Ismail Xavier - Méliès foi uma das figuras mais importantes da história do cinema. Compreendeu muito bem a natureza da nova técnica da imagem e soube observar o seu aspecto essencial de captação do instante que passa e não se repete, o instante qualquer que o cinema nos permite fixar e rever, algo que em princípio não teria importância, mas evidencia a inserção do cinema no esforço dos pintores que, ao longo da história da arte, haviam buscado exprimir este poder de observação.

Como ele contribuiu para o cinema?
Entendia muito bem o potencial da imagem em movimento e da montagem, e transferiu suas habilidades de mágico de palco para a exploração dos truques e efeitos possibilitados pelos recursos técnicos do cinema que ela sabia expor muito bem, pois o próprio cinema era um de seus temas centrais; compôs uma obra que concentra toda uma poética do imaginário da época ligado a inovações científicas, lances cômicos de uma vida de laboratório que se mescla com o conto de fadas, a coreografia de palco e o cotidiano da cidade.

Quais são suas maiores obras?
"Viagem à Lua" é a síntese de sua exploração da técnica e dessa compreensão do cinema como campo da imaginação e do espanto gerado por um certo re-encantamento do mundo que, no cinema, era produzido exatamente pela ciência e a técnica, os campos de "racionalidade".

Como definir o trabalho de Méliès?
Um "cinema de atrações" preciso, lúdico, inteligente; voo imaginário de quem tinha os pés no chão e se debateu com sua época em nome da nova poética das imagens, inocentes na aparência, mas sutis em seus comentários plenos de sentido; sua lucidez não impediu que sofresse (como muitos cineastas daquele período) o efeito de uma marginalização gerada pelas mudança acelerada do espetáculo cinematográfico que não estava fora do fluxo das frivolidades da Belle Époque.

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