Com a inauguração do "33º Panorama da Arte Brasileira" no sábado (dia 5), no MAM, o parque Ibirapuera oferece outra atração para quem quiser apreciar arte entre uma pedalada e um piquenique.
Batizada de "P33: Formas Únicas da Continuidade no Espaço", a coletiva reúne obras e projetos de 32 nomes, do Brasil e do exterior, e se une às exposições já em cartaz no pavilhão da Bienal, "30 x Bienal", e na nova sede do MAC-USP, "León Ferrari - Lembranças de Meu Pai" e "Fronteiras Incertas: Arte e Fotografia no Acervo do MAC-USP, além das atrações do Museu Afro Brasil.
Para ajudar sua visita, o "Guia" pediu aos curadores de quatro dessas mostras que indicassem alguns dos destaques em exibição, com breves comentários. Aproveite.
30 X BIENAL
O curador Paulo Venancio Filho indica e comenta algumas obras.
"América. América" (1973), Montez Magno
"Montez Magno escreve poemas e partituras, faz objetos, desenhos, pinturas e instalações ambientais. A seleção é quase uma retrospectiva dos anos 1960 até hoje. Entre as propostas, destaque para as "Cidades Imaginárias" e o "MMMausoléu", em que o artista traça um paralelo entre o ambiente do museu e a sala mortuária. Suas "Cidades Cúbicas" (1972) comparam o planejamento urbano à aleatoriedade de um jogo de dados"
"Postococa" (2013), Dominique Gonzales-Foerster
"O piso da Galeria Nova Barão alude à calçada de Copacabana. É nessa passagem comercial que Dominique transfere uma peça do mobiliário urbano da orla carioca. "Postococa" é uma justaposição entre o posto de salvamento, projetado por Sergio Bernardes, e o poema "Beba Coca-Cola", de Décio Pignatari. Dominique vai refazer um desses postos de salvamento no centro de São Paulo"
"Superposição de Quadrados" (2013), Pablo Uribe
"Pensar uma nova sede para o MAM não poderia deixar de analisar a coleção. Pablo Uribe tirou 37 pinturas da reserva técnica e a condensou em uma única parede"
"Sem Título"
_(2013), Andrade Morettin
"O declive entre os pavilhões de Oscar Niemeyer e o lago do Ibirapuera originou o projeto. O corte de 150 metros de extensão seria inundado e formaria o pátio de um museu subterrâneo. Sob a marquise, restaria o acesso ao novo MAM"
"Tripartida Reunida" (2010-2013), Beto Shwafaty
"A peça 'retorna' ao MAM em versão reduzida, com os logotipos do Adobe Acrobat e do Commertzbank. Documentos, croquis, diagramas e fotografias mostram como o símbolo do infinito remete agora à dissolução de fronteiras entre o privado e o público"
"Relevo e Aderência" (2013), Vitor Cesar
"Vitor Cesar fez um 'site-specific' para desmontar a lógica modernista do espaço 'neutro'. É uma homenagem aos arquitetos Lina Bo Bardi e Luis Barragán. Com o pedreiro Manoel Silva, o artista aprendeu como preparar uma parede para a galeria do museu, mas suprimiu o acabamento e deu visibilidade à mão de obra oculta. Elemento indissociável do display, a parede de chapisco se funde na arquitetura"
"~" (2013), Daniel Steegmann Mangrané
"O artista instalou três cortinas em correntes de alumínio, com perfis metálicos. Dispostas transversalmente às paredes azuis e cinzas de Lina Bo Bardi, cada uma traz uma cor que o visitante enxerga como filtros. Translúcidas, porém onipresentes, as camadas estruturam a expografia do P33 que dispensou os painéis do 'cubo branco' e manteve apenas as paredes originais"
Projeto do SPBR (2013), SPBR
"O escritório de arquitetura SPBR propõe que o edifício do MAM se integre ao conjunto arquitetônico do Ibirapuera e passe a circunscrevê-lo. O museu se converteria em um mirante sobre todo o parque. Seu desenho retilíneo estabeleceria uma conversa com as curvas de Niemeyer. O novo MAM seria visto de avião como uma obra de 'Land Art'"
Diversos trabalhos (2013), Affonso Reidy
"O MAM-RJ é um edifício concebido por Affonso Reidy para abrigar um museu no Aterro do Flamengo. Iniciada em 1954, a construção compreende o Bloco Escola (1958), o Bloco de Exposições (1967) e o teatro (2006). O P33 traz plantas originais e fotografias que registram esse grande momento da arquitetura mundial"
Documentos originais Lina Bo Bardi
"Lina Bo Bardi e Martim Gonçalves fizeram a exposição "Bahia no Ibirapuera", durante a 5ª Bienal de São Paulo. Reuniram artefatos da cultura popular e criaram uma cenografia de cortinas e folhas de arruda forrando o chão. O P33 mostra como era esse Pavilhão Bahia, além de desenhos da reforma do Solar do Unhão, em Salvador, e do MAM-SP"
LEÓN FERRARI-LEMBRANÇAS DE MEU PAI
A curadora Carmen Aranha comenta a exposição
"A primeira obra, a que dá nome à mostra, chama-se "Lembranças de Meu Pai". Ela tem uma luz embaixo que projeta verticalmente essa estrutura, você faz uma relação de que aquilo tem a ver com a catedral. Rebatido a essa encontra-se uma escultura sem título e sem data que dá uma alusão ao conjunto da exposição, como se fosse uma igreja. Mas ela vai ser profanada pela série 'Parahereges', que fica em vitrines. O trabalho dele [León Ferrari] quer profanar mesmo, quer acabar com esse negócio de religião católica. Ele quer mostrar toda a violência da política e das pessoas. Ele é um artista que gosta de mostrar que a religião católica deve ser desconstruída. Violenta as pessoas. Já a série de heliografias não é tão política, mas tem todo o olhar sobre o caos da cidade"
Figuras mitológicas, pássaros, peixes, jacarés, lagartos, frutos e objetos compõem o conjunto de 80 esculturas, feitas utilizando a técnica de cerâmica vitrificada, do artista pernambucano Francisco Brennand.
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