Não é só pelos 20 curadores que a mostra "140 Caracteres" traz como fundamento a ação coletiva. É também pelo tema: a diluição da individualidade em grupos nas manifestações de 2013 e seu eco nas redes sociais. Daí o nome, que faz referência ao máximo de dígitos em mensagens do Twitter.
Idealizada e executada pela turma do primeiro Laboratório de Curadoria, oficina realizada pelo MAM ao longo do ano passado com integrantes não necessariamente ligados à arte, a exposição reúne 140 obras do acervo da instituição, de artistas como Iran do Espírito Santo e Antonio Henrique Amaral.
Nela, trabalhos contemporâneos são exibidos em paralelo com peças do período da ditadura militar no Brasil, que completa 50 anos em 2014. Cada uma delas terá uma legenda, escrita em estilos que vão do haikai ao formal, sem autoria identificada.
"A ideia é manter a dissonância", diz Felipe Chaimovich, coordenador da coletiva que abre em meio à polêmica dos "rolezinhos" -coincidência que ele considera "incrível". "Uma questão que apareceu em junho passado foi a mobilidade urbana. Quando se consegue pagar pelo transporte, se mobilizar, começa-se a querer ir a shoppings, por exemplo. E isso dá no 'rolezinho'. Portanto, há uma continuidade política nesse fenômeno que está acontecendo agora", relaciona.
"Lidar com esse tipo de manifestação de modo inclusivo é um desafio das instituições culturais", conclui.
A mostra criou a hashtag "#140caracteresmam" como estratégia de divulgação virtual.
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