Lançado em 2015, o setor dedicado a performances na SP-Arte volta a ser novidade na programação. Isso porque, pela primeira vez, terá curadoria e espaço próprios.
Paula Garcia, artista e colaboradora do Instituto Marina Abramovic, recebeu a tarefa de reunir cinco performers.
As escolhas foram feitas com base no projeto da curadora para o setor: um espaço de 220 m² sem divisórias.
Os trabalhos dos cinco artistas teriam que coexistir e acabariam influenciados uns pelos outros e pelas ações e reações do público, durante todo o horário de funcionamento da feira (em média oito horas por dia, totalizando 43 horas), sem interrupções.
“Acho interessante como todos eles querem odiar o sistema e como a gente consegue criar um projeto junto com as galerias, com as instituições, para cada vez mais abarcarem performances”, diz Garcia.
Um dos que toparam o desafio foi Paul Setúbal. Na performance “Compensação por Excesso”, o goiano vai sustentar uma escultura de ferro de cerca de 300 kg com o peso do próprio corpo e a ajuda de um sistema de roldanas.
No alto, erguida pelas cordas presas ao corpo de Setúbal, estará uma obra do escultor modernista Franz Weissmann (1911-2005), dos anos 1970. Parte de uma coleção privada, a escultura não teve nome ou valor divulgados.
“Isso tudo [o sistema que sustenta a escultura] pode desmoronar. É o risco. A performance lida com essa imprevisibilidade”, diz o artista.
A ideia é fazer um contraponto entre o corpo e o peso histórico e comercial de obras de arte. “Só faria sentido participar se eu conseguisse lidar com os mecanismos da feira e do comércio de arte.”
Além de Setúbal, o setor reúne Karlla Girotto e sua performance “Dança Estranha”, em que apresenta coreografias que podem ser alteradas pelo público —por meio de acessórios, músicas ou ao entrar na dança junto com ela.
O artista e cozinheiro Gabriel Vidolin também participa, explorando o poder curativo dos alimentos.
No setor ainda estão dois coletivos: o Brechó Replay, que fala de minorias por meio da relação entre moda, arte e política, e o Protovoulia, dupla de Rafael Abdala e Jessica Goes que usa cinzas para construir imagens que remetem à memória.
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