Reviver produções antigas está na moda. Desde que as plataformas de streaming, canais de televisão e estúdios de cinema perceberam que resgatar obras é uma forma de renovar o público, além de conquistar a atenção dos sedentos por nostalgia, tornou-se cada vez comum ver séries e filmes ganhando versões repaginadas.
A HBO é um exemplo. Depois de lançar uma nova "Gossip Girl" e começar as filmagens para uma série do universo de "Game of Thrones", chegou a hora dos brasileiros fanáticos por "Família Soprano" assistirem ao longa derivado do cultuado seriado.
No filme "The Many Saints of Newark", que chega à HBO Max do Brasil nesta sexta (5), Tony Soprano ainda é um adolescente que vive em um mundo violento e tenta decidir qual caminho seguir na vida. A trama, que se passa cerca de 30 anos antes do início da série, mostra os altos e baixos vividos pela família criminosa DiMeo nas décadas de 1960 e 1970, quando Soprano ainda não sabia que se tornaria um mafioso.
Lançada em 1999 pela HBO, a série "Família Soprano" conta a história do chefe de máfia Tony Soprano e se tornou uma das produções mais prestigiadas da televisão —e agora, disponível no streaming, continua conquistando novos fãs.
Uma curiosidade que pode agradar aos fãs da série é que quem encarna a versão mais jovem de Tony Soprano em "The Many Saints of Newark" é Michael Gandolfini, filho de James Gandolfini, o ator que se consagrou ao viver o personagem no seriado original.
Para se preparar para o novo filme, uma dica é assistir a dez episódios essenciais de "Família Soprano" —todos estão disponíveis na HBO Max.
Para escolher os capítulos mais memoráveis, convidamos três jornalistas fãs da série, que indicam e comentam seus momentos favoritos da trama.
A seguir, Teté Ribeiro, jornalista e crítica de mídias na Folha, Tony Goes, colunista da Folha, e Eduardo Moura, repórter de cultura no jornal, discorrem sobre o que há de mais imperdível em "Família Soprano".
"The Sopranos"
Um poderoso da máfia de Nova Jersey busca ajuda de psiquiatra após ter ataques de pânico.
Tony Goes: A premissa central de "Família Soprano" não era inédita. O filme "Máfia no Divã", com Robert De Niro, já falava de um gângster que fazia psicoterapia. Mas a série de David Chase levou a ideia ao extremo, com Tony Soprano, assombrado por pesadelos, procurando a doutora Melfi logo no primeiro episódio.
EUA, 1999. Direção: David Chase. 16 anos. Temporada: um (episódio um). Na HBO Max
"College"
Durante uma viagem, Tony conta sobre seu trabalho para a filha, Meadow.
Eduardo Moura: É o primeiro episódio a escancarar as contradições de Tony. Se em um minuto Tony é um pai preocupado com o futuro acadêmico da filha, no outro ele é um assassino implacável e vingativo.
Teté Ribeiro: Os quatro primeiros capítulos já apontavam para uma inovação no jeito de fazer séries de TV a cabo, mas foi com esse episódio que a mudança ficou evidente.
TG: A série era exímia em justapor momentos corriqueiros de uma família de classe média alta com sequências de violência desmedida.
EUA, 1999. Direção: Allen Coulter. 16 anos. Temporada: um (episódio cinco). Na HBO Max
"Commendatori"
Tony e seus homens vão à Itália para negociar carros com a máfia local.
EM: Um episódio emblemático —principalmente se levarmos em conta que a série subverte a romantização da Cosa Nostra e da Itália, tão comum em filmes de máfia.
EUA, 2000. Direção: Tim Van Patten. 16 anos. Temporada: dois (episódio quatro). Na HBO Max
"Funhouse"
Durante alucinações, Tony desconfia do amigo Big Pussy.
TR: O humor da série está presente desde o piloto, mas esse é um dos primeiros episódios a ter mais cenas engraçadas do que trágicas.
EUA, 2000. Direção: John Patterson. 16 anos. Temporada: dois (episódio 13). Na HBO Max
"Pine Barrens"
Paulie e Christopher se envolvem em uma confusão com um integrante da máfia russa.
EM: Traz pontos em comum com "Esperando Godot", de Samuel Beckett, e mostra a força da dramaturgia da série.
TR: Dirigido por Steve Buscemi, que depois entraria para o elenco da série, esse capítulo se passa quase todo em uma floresta coberta de neve perto de Nova Jersey.
EUA, 2001. Direção: Steve Buscemi. 16 anos. Temporada: três (episódio 11). Na HBO Max
"The Weight"
Piada de Ralph Cifaretto sobre a mulher de Johnny Sack é estopim de uma briga.
EM: Um episódio que reafirma o protagonismo do simbolismo e da psicanálise na série marcada por personagens complexos, quando uma piada boba quase resulta numa carnificina.
TG: A personagem mais complexa da série é Carmela, que não é criminosa, mas aproveita os frutos do crime. Aqui, cansada das infidelidades do marido, ela fica tentada a ter um caso.
EUA, 2002. Direção: Jack Bender. 18 anos. Temporada: quatro (episódio quatro). Na HBO Max
"The Strong, Silent Type"
Christopher vai para um centro de reabilitação.
TR: Tony decide fazer uma intervenção para tentar tirar seu sobrinho e possível herdeiro, Chris Moltisanti, do vício em heroína. Mas o grupo de amigos e familiares que ele reúne não é dos mais gentis. Esse é o capítulo mais engraçado da série inteira. De gargalhar alto na sala.
EUA, 2002. Direção: Alan Taylor. 18 anos. Temporada: quatro (episódio dez). Na HBO Max
"Long Term Parking"
Adriana revela sua ligação com o FBI.
EM: O fim trágico de Adriana la Cerva coroou a personagem como uma das mais emblemáticas de toda a série.
TG: Numa série repleta de personagens trágicos, nenhum tem um fim mais triste que o de Adriana.
EUA, 2004. Direção: Tim Van Patten. 16 anos. Temporada: cinco (episódio 12). Na HBO Max
"Luxury Lounge"
Christopher e Little Carmine vão a Los Angeles trabalhar em seu filme.
TG: O mais engraçado da série. Chris quer que Ben Kingsley trabalhe em seu filme. A dupla acompanha Kingsley a uma cerimônia de premiação e fica pasma com a quantidade de presentes que o astro recebe. Enciumados, resolvem roubar os presentes de outra estrela de cinema: Lauren Bacall, que leva uns sopapos!
EUA, 2006. Direção: Danny Leiner. 16 anos. Temporada: seis-A (episódio sete). Na HBO Max
"Made in America"
No episódio final, Tony e família saem para jantar em um restaurante.
TR: Todos os 60 minutos que o capítulo tem são impecáveis, mas são os quatro finais que fazem dele um clássico.
TG: O derradeiro episódio deixou os fãs da série embasbacados. Quem esperava uma conclusão convencional saiu frustrado e foi extravasar sua raiva nas redes sociais. Outros, entre os quais eu me incluo, acham que o ousado desfecho é o melhor final de série do século 21 —até agora.
EUA, 2007. Direção: David Chase. 16 anos. Temporada: seis-B (episódio nove). Na HBO Max
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