Pense em uma plataforma de streaming qualquer. Provavelmente vieram à mente nomes tradicionais como Netflix, Amazon Prime Video, HBO Max ou a brasileira Globoplay. O problema delas é o preço. A assinatura da Netflix, por exemplo, parte de R$ 25,90 por mês. A da HBO custa R$ 27,90 mensais. O combo Disney+ e Star+ chega a R$ 45,90 por mês.
Mas o que pouca gente sabe é que existem opções gratuitas —sim, basta um cadastro para ver filmes de graça, inclusive alguns títulos premiados. O mais recente é o streaming do CCSP, o Centro Cultural São Paulo, que lançou neste mês a própria plataforma gratuita de vídeo sob demanda.
Chamada CCSPlay, o serviço se junta a outros gratuitos, como o Itaú Cultural Play, o Sesc Digital e o Spcine Play. A nova plataforma traz uma curadoria feita pelo centro cultural e abriga mostras temáticas e periódicas, que priorizam produções ignoradas pelo circuito comercial.
O streaming funciona com uma seleção de filmes mensal, geralmente exibidos também presencialmente nas salas de cinema do CCSP. Os títulos são rotativos, ou seja, ficam em cartaz por um tempo limitado —por isso, é preciso ficar de olho na programação. Até o dia 9 de março, por exemplo, está em cartaz uma mostra com quatro obras do diretor canadense Philippe Lesage: "Gênese" (2018), "Os Demônios" (2015), "Copenhague, uma História de Amor" (2016) e "O Coração que Bate" (2010).
Apesar de ainda ter poucos títulos, o CCSPlay é simples e fácil de usar. As exibições são feitas pelo serviço de vídeo Vimeo dentro da plataforma e contam com funcionalidades como aumentar a velocidade e controlar a qualidade do vídeo, que demonstrou ter boa qualidade.
Nas primeiras semanas após o lançamento, porém, a plataforma apresentou alguns problemas. Para assistir ao conteúdo, não é preciso fazer cadastro ou fornecer qualquer tipo de dado pessoal —o que é importante, já que, ao acessar o site, há a informação de que a página não possui a verificação de segurança, identificada pela sigla "https" no endereço.
As legendas são outro ponto negativo, pois são exibidas com uma barra preta ao fundo, e sob a qual é possível enxergar um texto em inglês já embutido, gerando um certo desconforto na leitura.
Outro streaming que também funciona com um catálogo rotativo é o Sesc Digital, criado pelo Sesc e lançado em 2020 por causa da pandemia. O acervo aqui é um pouco maior e conta atualmente com cerca de 40 títulos, atualizados a cada semana.
Com curadoria do Cinesesc, o site tem catálogo diverso, com produções nacionais e estrangeiras, passando por clássicos, filmes de arte e blockbusters, além de títulos voltados ao público infantil.
Nele, tampouco há necessidade de criar um cadastro, mas o acesso ao serviço é pouco prático —deve-se entrar no site Sesc Digital, que reúne diferentes conteúdos, e filtrá-lo pela categoria de cinema, para só então acessar a coleção "Cinema em Casa", na qual os títulos estão disponíveis. A dica é favoritar o site no navegador, para conseguir acessá-lo de forma prática. Acesse diretamente aqui.
Atualmente, estão em cartaz clássicos como o italiano "A Estrada da Vida" (1954), de Federico Fellini, o nacional "Divino Amor" (2019), dirigido por Gabriel Mascaro, e "Trumbo: Lista Negra" (2015), de Jay Roach.
Na página, todas as obras estão dispostas em listas, com título seguido de uma foto e uma pequena sinopse. Um ponto positivo é que cada filme exibe a data em que ele sairá da plataforma, o que permite ao espectador que ele se organize para não perder alguma exibição.
As exibições têm boa qualidade de vídeo e de som, mas é preciso assistir a uma propaganda institucional do Sesc antes de cada uma. As legendas em português são automáticas e vêm embutidas.
Outro espaço cultural a lançar o próprio streaming é o Itaú Cultural, que pôs no ar há pouco menos de um ano o Itaú Cultural Play. Dentre os serviços analisados, este é o que tem melhor navegação e acervo.
São 270 títulos disponíveis, que incluem longas, curtas, documentários, animações e apresentações de teatro e música, todos dedicados ao cinema nacional. A curadoria reúne produções de todas as regiões do país, organizadas em seções temáticas que contemplam cineastas renomados, mas também estreantes, autores negros e indígenas. O catálogo é atualizado quinzenalmente.
É possível ver ainda "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964) e "Terra em Transe" (1967), ambos de Glauber Rocha, e "Pixote: A Lei do Mais Fraco" (1981), de Hector Babenco. Também está disponível a animação brasileira "Tito e os Pássaros".
O serviço tem uma estrutura elegante, com informações práticas e uma lista de respostas a perguntas frequentes logo na página inicial. É possível pesquisar produções por título ou temas e filtrar a busca por categorias. Conta ainda com um aplicativo próprio, além de existir planos para lançar em breve a opção de assistir aos filmes em smart TV.
Os títulos podem ser encontrados por seções temáticas ou por uma aba que reúne todo o catálogo. No quesito técnico, permite alterar a qualidade da exibição, que não apresentou falhas no som nem na imagem.
Entre os pontos que deixam a desejar, o principal é a falta de opção de sair da tela do filme para voltar à página inicial, sendo preciso voltar pela barra do navegador. Tampouco existe uma área que reúne aquilo que o espectador começou a ver, mas ainda não terminou. É necessário, ainda, fazer o login novamente a cada acesso.
Além disso, durante o teste, ao tentar assistir a qualquer título no celular, uma mensagem de erro surgia a cada instante. Outra falha está no recurso de montar uma lista de filmes favoritos, que não salva todos os selecionados.
Por fim, o Spcine, ligado à prefeitura paulistana, também possui uma plataforma pública sob demanda, com catálogo dedicado ao cinema nacional. Lançado em 2017, o serviço conta com aproximadamente 120 títulos, disponíveis atualmente no Spcineplay, entre longas, curtas e séries.
Estão lá importantes obras brasileiras, como "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), de Rogério Sganzerla, e "O Beijo da Mulher-Aranha" (1985), de Hector Babenco. Outro destaque é a curadoria de filmes dirigidos por mulheres, com obras de cineastas como Helena Ignez, Tata Amaral e Lucia Murat, além de uma seleção dos principais trabalhos de José Mojica Marins, o Zé do Caixão.
Os títulos disponíveis são organizados por seções temáticas, mas faltam uma barra de pesquisa, por exemplo, e uma página com todo o acervo. Não é necessário fazer cadastro para acessar o streaming, mas os usuários são direcionados a uma página do Looke, uma plataforma privada de filmes. Uma vez redirecionado, deve-se criar uma nova conta nesse serviço. E, só então, é possível assistir ao que se deseja —mas de graça, é claro.
Apesar do bom acervo, a Spcineplay é uma das plataformas com mais problemas. Falta atualização e o site parece às moscas —tanto que, na tela inicial, há um pôster que exibe uma mostra que se encerrou em dezembro. Para descobrir os filmes, cabe ao leitor ler uma imagem pequena com o pôster de cada um —e, a depender do tamanho e formato do título, esta pode ser uma missão extremamente difícil. Mas há boas notícias também. Por estar atrelada ao Looke, é possível assistir aos títulos pelo aplicativo de celular e em smart TVs, o que falta à metade dos streamings da lista.
Em tempos em que o país vê a alta da inflação, streamings gratuitos são alternativas para quem quer ver um filme um filme em casa sem mexer no bolso. Somados, os acervos das quatro plataformas reúnem cerca de 400 títulos. Problemas existem, é verdade. Mas é tudo na faixa.
PLATAFORMAS GRATUITAS DE STREAMING
CCSPlay - ccsplay.com.br
Itaú Cultural Play - itauculturalplay.com.br
Sesc Digital - sesc.digital/colecao-cinema-em-casa-com-sesc
Spcine Play - spcineplay.com.br
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